Por Rosiene Carvalho , da Redação
Ao lançar a pré-candidatura ao Governo do Amazonas na tarde desta quinta-feira, dia 5, o senador Omar Aziz (PSD) também definiu o atual governador Amazonino Mendes (PDT) como seu principal adversário em 2018.
No mesmo evento, na sede PSD, ao contrário do posicionamento mais ríspido em relação a Amazonino, Omar adotou tom fraterno em relação ao prefeito de Manaus, Arthur Neto (PSDB), e fez longos afagos à memória do pai do tucano, o senador Arthur Virgílio Filho.
“Eu cumpro o que eu prometo. Tudo aquilo que eu prometo, eu cumpro. Isso me diferencia dele (Amazonino) e de muitos outros”, destacou Omar Aziz ao falar da diferença entre ele e o governador.
Omar foi o principal cabo eleitoral, em 2017, de Amazonino, que estava no ostracismo. Já durante a formação do secretariado foi possível ver o início do racha no grupo.
Na coletiva desta quinta, Omar deixou de lado a diplomacia que vinha adotando em suas falas públicas dos últimos meses e desta vez foi mais ríspido ao falar do aliado apoiado há menos de nove meses. Na campanha passada, o grupo falava que Amazonino deveria arrumar a casa e não concorreria à reeleição.
A frase de Omar repete a análise feita pelo pesquisador e dono do instituto da Pesquisa 365, Durango Duarte, em março deste ano ao BNC AMAZONAS : “A principal vantagem que Omar tem é uma questão rara na política: ele mantém a palavra. Ele cumpre o que acerta. Isso é tão simplório, mas como é raro dá a ele credibilidade entre prefeitos e ex-prefeitos do interior”, disse Durango na ocasião.
“Arthur é meu amigo”
Omar disse que, independente da decisão que o tucano tomar nesta eleição, Arthur continuará sendo amigo dele, porque assim o são há anos. “A minha relação com o Arthur é antiga, de amigos. Ele tem autonomia de escolher. Independente se ele vai ou não me apoiar, minha relação com ele é a mesma: de amizade. Lógico que ter o Arthur ao lado é muito importante para qualquer candidatura, pela imagem e pelo reconhecimento que ele tem no Amazonas”, disse.
Omar e Arthur eram aliados nas eleições de 2016, mas romperam numa briga por mensagens de telefone numa madrugada às vésperas da convenção. Houve troca de ofensas e, naquele pleito, Omar apoiou o adversário do tucano, Marcelo Ramos (PR).
Omar também fez elogios à memória do pai do prefeito de Manaus, o ex-senador Arthur Virgílio Filho. Destacou a importância dele à história do Amazonas e que os mais jovens, mesmo sendo beneficiados por ações políticas dele, desconhecem a história do patriarca da família Do Carmo Ribeiro.
“Estou sendo inocentado”
O senador Omar Aziz voltou a falar que em três anos de investigação pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal (MPF), em relação às delações premiadas que o apontavam como alvo de recebimento de propina durante o período em que foi governador, sequer uma denúncia foi apresentada contra ele. Para o senador, ele vive hoje uma fase em que está sendo inocentado.
“Fui inocentado na questão da ponte. Na Arena da Amazônia, foram três anos investigados pela Polícia Federal, pelo MPF e até hoje não houve o oferecimento de nenhuma denúncia.
Omar disse que lamenta apenas que a mãe, dona Delphina Aziz, hoje não tenha mais consciência para saber que o filho “está sendo inocentado”. “Quando fui acusado, minha mãe tinha consciência disso e sofreu. Hoje, que estou sendo inocentado, ela não tem consciência”, afirmou.
“Não temo Maus Caminhos”
O senador também reforçou o discurso de que não teme as investigações da Operação Maus Caminhos.
“Não tenho absolutamente nada a ver com a Maus Caminhos. Ele (Mouhamad Moustafa) tinha um contrato irrisório no meu governo. Por que eu iria beneficiá-lo depois que saí do governo?”, ironizou Omar.
Ele disse não ter nenhum parentesco com o médico, ao contrário do que foi publicado em vários veículos de comunicação.
“Não sou primo dele. Da mesma forma que índio chama o outro de parente. Árabe chama outro árabe de primo”, disse.
Nova forma de governar
Omar disse que o programa de governo que pretende apresentar durante a campanha trará inovações para a administração pública com transparência. A ideia é colocar ongs que possam fiscalizar com liberdade os secretários de Estado.
O ex-governador também prometeu inovar para resolver o problema de segurança pública do Estado, apresentado-se como uma pessoa experiente na área por ter sido secretário de segurança pública em um dos governos de Amazonino Mendes e também por ter, no governo dele, implementado ações que retiravam jovens de condições de risco em comunidades carentes como a criação de escolas integrais. “Fui o governador que mais criou escolas integrais”.
O programa adotado pelo Governo Amazonino nos primeiros dias da gestão sem o mesmo nome de batismo, o Ronda no Bairro, foi chamado por Omar de ultrapassado. “Serviu para outro tempo. Está ultrapassado”, afirmou.
Omar falou ainda que um novo governo daria a ele a possibilidade de se redimir de erros políticos cometidos no passado sem indicar quais foram. “Que Deus possa me permitir governar este Estado por mais quatro anos. Melhor do que governei (…) Que eu possa me redimir de alguns erros políticos que cometi”, disse.
Foto: Neuton Segundo