O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Gilmar Mendes, ironizou a possibilidade do governador tampão ao mandato de José Melo (Pros) vir a ser escolhido pelos 24 deputados estaduais da Assembleia Legislativa do Amazonas (ALE-AM), em eleição indireta.
A ironia mais aguda do ministro foram as últimas palavras dele durante a entrevista que concedeu em Manaus, em sua vinda ao estado para visitar o andamento da eleição direta que está em curso desde que a corte superior que ele preside decidiu cassar o mandato de Melo e convocar novas eleições.
“Não vou ficar falando sobre hipótese. Enquanto houver vida há esperança”, disse o magistrado, levantando-se da mesa após os repórteres insistirem para que ele comentasse o cenário de incerteza que domina o pleito diante da disputa jurídica sobre a forma de escolha do novo governador.
No começo dessa entrevista, na manhã desta quarta, dia 26, Gilmar já havia dito que o que está valendo é a decisão que convocou as diretas. “Para nós, é a decisão definitiva”, disse ele, ao se reportar antes à decisão dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski, que suspendeu o pleito, e Celso de Melo, que determinou a volta das diretas.
O próprio interesse do ministro pela eleição suplementar na sua vinda ao estado para conhecer o trabalho que está sendo realizado pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE-AM) e o elogio que fez à corte estadual são demonstrações que Gilmar Mendes deixou escapar de sua preferência pelo voto direto.
O presidente do TSE considerou a organização da eleição pelo TRE-AM um “case de sucesso” e mostrou que, institucionalmente, tem interesse em ver realizado um pleito no formato definido pela reforma eleitoral de 2015, em caso concreto aplicado em cassação de mandato de governador.
“Estamos satisfeitos, externei ao presidente Yedo Simões [do TRE-AM]. É um experimento institucional, inclusive, de aplicação do modelo de fazer eleição direta e não mais indireta ou substituição pelo segundo colocado”, comentou Gilmar Mendes.
Outro argumento que usou para mostrar que não será tão fácil reverter o quadro atual foi quando destacou que o relator do caso no TSE, ministro Luiz Barroso, não é titular do tribunal. Para ele, essa variável torna a situação menos célere.
Outro sinal de sua preferência pela eleição direta está no fato de que ele retorna ao Amazonas no dia 6 de agosto, primeiro turno das eleições, e no dia 27 de agosto, em caso de eventual de segundo turno.
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Foto: BNC