Por Rosiene Carvalho, da Redação
Um dos últimos outsider a resistir na corrida presidencial de 2018, o empresário Flávio Rocha da Riachuelo visitou nesta quinta-feira, dia 10, Manaus como um ilustre desconhecido do eleitorado amazonense prometendo defender a Zona Franca de Manaus aqui e em São Paulo.
“Sou o único candidato que se manifestou expressamente a favor da Zona Franca de Manaus. Digo aqui e digo em São Paulo”, declarou o presidenciável.
Apesar de, segundo próprio pré-candidato, ser desconhecido da maioria do eleitorado, Flávio Rocha considera que entre os nomes de Centro é o com maior chance de crescimento nos próximos dois meses que antecedem o registro de candidatura no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
A pré-candidatura de Flávio, entre as 20 que se apresentam como opção à Presidência da República em 2018, é vista com uma das que surgiram com a intenção de disputar uma indicação de vice num palanque de Centro ou Centro-Direito pelo perfil do nome dele: empresário e nordestino que diz ter solução para o desemprego do País e defensor do liberalismo econômico.
Manaus é a 16ª capital visitada pelo pré-candidato que já circulou no nordeste e terá agenda no Sul do País nos próximos dias. Rocha não tem passado tão despercebido assim nesta pré-campanha. A imprensa nacional já colou o nome dele como um dos financiadores do filme do líder da igreja Universal Edir Macedo e como CEO de uma das maiores lojas de departamento do País pertencente ao Grupo Guararapes Confecções, a Riachuelo.
Rocha também foi associado a uma pré-campanha de “ostentação” nas redes sociais quando um vídeo dele em carreata numa BMW com teto solar aberto viralizou na internet. Em Manaus, o pré-candidato minimizou o episódio e sua repercussão disse que a conotação negativa é feita por pessoas que querem dividir o País.
Flávio Rocha disse que o veículo usado no Rio Grande do Norte foi um gesto de solidariedade e que ele sequer se deu conta de que carro estava entrando quando foi pego no aeroporto.
Veja entrevista que o presidenciável concedeu ao BNC Amazonas:
BNC: É a primeira vez que o senhor vem em Manaus?
Flávio Rocha : Não. Primeira vez nessa nova missão. Mas a gente vem aqui no Amazonas há décadas.
BNC: O senhor já tem ideia de plano de governo incluindo a região Norte?
Flávio Rocha: Claro que temos uma visão preliminar. Mas a relevância de uma viagem como essa é aprender. Nós temos uma visão sobre a questão da Zona Franca, sobre a biodiversidade que torna a região Amazônica mais estratégica para a próxima década ou próximas duas décadas. Essa viagem visa, em primeiro lugar, apresentar o projeto. Foi o último entrante nesta, talvez a mais importante, decisão do eleitorado desde a redemocratização.
Eu sou o candidato mais desconhecido (…) A minha tônica é emprego. Sou o 15º maior empregador do Brasil.
BNC: Qual obstáculo da sua pré-candidatura?
Flávio Rocha: Eu tenho o obstáculo do desconhecimento. Eu sou o candidato mais desconhecido, embora já pontuando em quase todos os cenários. Temos a nosso favor um gigantesco vazio que existia no cenário político, que é exatamente na demanda de um eleitorado mais maduro, de maior grau de cidadania, que é um contraponto às ideias econômicas e no campo dos valores deste ciclo passado. O debate sobre essa inversão de valores que aconteceu e agente vê aí traduzido nesta trágica criminalidade e escândalos de corrupção.
BNC: Como será sua campanha?
Flávio Rocha: Aí, vai se tocar um debate que estava no limbo. Temas absolutamente relevantes, motivadores para o eleitor que estavam no limbo. Então, eu me defino como um candidato absolutamente convicto de que liberdade econômica e prosperidade são irmãs siamesas. Sou liberal na economia. Precisamos destravar o ambiente de negócios da economia. Ter um clima menos hostil a quem empreende, gera riqueza e empregos. A minha tônica é emprego. Sou o 15º maior empregador do Brasil. O varejo poderia dar o dobro de empregos do que dá: 7 milhões. Nos EUA, são 42 milhões, seis vezes a mais com 50% a mais de população. Por que? Porque tem a regra adequada e o ambiente adequado. É isso que vamos colocar em discussão.
Temos que transformar o Brasil num País receptivo a investimentos (…) Isso se faz rápido com quatro reformas fundamentais, nós realmente vamos gerar milhões e milhões de empregos
BNC: Como fica a indústria neste contexto?
Flávio Rocha: Estamos nos tornando uma economia de serviço e varejo. Mas não podemos abrir mão da nossa indústria. Estamos matando a nossa indústria. A Zona Franca de Manaus também está sofrendo por causa da crise na indústria nacional. Não faz sentido a indústria no Brasil representar 11% do PIB (Produto Interno Bruto), a indústria tinha que representar 20% do PIB. Não faz sentido a queda vertiginosa no volume de investimento no Brasil. Temos que transformar o Brasil num País receptivo a investimentos. Assim, se gera emprego e prosperidade. Então, é com essa preocupação de devolver o Brasil ao jogo competitivo e isso se faz rápido com quatro reformas fundamentais, nós realmente vamos gerar milhões e milhões de empregos e colocar dinheiro no bolso do trabalhador.
Nós temos a maior chance de crescer dentre os candidatos do chamado Centro (…) Acredito que nós temos totais perspectivas de estarmos na frente em dois meses.
BNC: O senador Romero Jucá deu uma entrevista hoje ao Estado de São Paulo dizendo que as únicas novidades neste pleito é o João Amoêdo do Novo e o senhor. Outras publicações indicam que a sua pré-candidatura está entre as que não vão resistir até o registro de candidatura. O que o senhor acha disso?
Flávio Rocha: Vou te dar alguns números. Há algumas semanas atrás, eu pontuei em todos os cenários, para minha surpresa. Contra outros candidatos de centro que já são conhecidos 100% do eleitorado e que estão na mídia permanentemente. Só que eu sou desconhecido por 95% da população. Então, eu tenho de longe a maior tacha de conversão. Os que sabem da existência da nossa pré-candidatura nos honram com a sua intenção de voto. Claro que um candidato desconhecido corre o risco de passar despercebido numa longa lista de candidatos. A nossa luta contra o desconhecimento é mostrando o nosso passado e o nosso plano de governo. Então, nós temos a maior chance de crescer dentre os candidatos do chamado Centro.
BNC: Qual a estratégia do PRB?
Flávio Rocha: Por isso, eu tenho falado para o nosso coordenador político, o ex-ministro Marcos Pereira, para ser agressivo na construção desse amplo pacto em torno da candidatura que se tornar mais viável. Acredito que nós temos totais perspectivas de estarmos na frente em dois meses. Temos dois meses com uma agenda que nenhum outro candidato tem. Ou seja, convido (vocês) a comparar com as outras agendas. Estamos gastando sola de sapato, montando estrutura robusta de pré-campanha para que agente consiga ser um elemento de aglutinação destas forças. É importante somar com programas partidários que tenham similaridade com o nosso programa em torno do nosso ideário central.
BNC: E o pala nque estadual do PRB?
Flávio Rocha: Quem está incumbido desta tarefa é o ex-ministro Marcos Pereira, fazendo o trabalho de coordenação política que temos uma partido robusto com aspirações majoritárias, inclusive, partido de um amplo leque. Mas eu diria que ainda é cedo. Talvez o deputado (federal) Silas (Câmara) e o presidente do PRB-AM, João Carlos, possam falar com mais propriedade a respeito.
Você vai, surfa naquela gentileza, generosidade e aí são colhidas algumas imagens que revelam o fruto da espontaneidade da nossa campanha (sobre carreata em BMW nas ruas de Natal)
BNC: Com relação à carreata com BMW nas ruas de Natal. O que o senhor tem a dizer?
Flávio Rocha: Olha, eu tenho sido recebido com muito carinho nos aeroportos. As manifestações absolutamente espontâneas com total pluralidade. Pergunta se sou candidato da igreja tal, se sou dos empresários, se sou do MBL (risos). Isso é prova da pluralidade, de todos os setores. Isso com certeza é uma visão ideologizada que divide o Brasil no “nós contra eles”; empresário contra trabalhador; rico contra pobre; nordeste contra sudeste. Sou do Brasil da união. Não acredito que empresário e trabalhador sejam inimigos. Longe disso. Essa tentativa de manter este discurso dos anos 50 de luta de classe. Isso está superado. Hoje a luta de classe que existe é a classe dos que produzem e a classe dos que parasitam. A classe dos que produzem está ganhando o sentimento do povo. Por isso, apavoram uma aristocracia que se apoderou do Estado em benefício de seus privilégios. Esses sim fazem o jogo de dividir, de ter um País conflagrado para justificar sua permanência no poder. Então, isso aí foi um gesto espontâneo, fui recebido no aeroporto. Você não tem o controle do que acontece, de que carro você entra. Você vai, surfa naquela gentileza, generosidade e aí são colhidas algumas imagens que revelam o fruto da espontaneidade da nossa campanha.
Sou a favor da Zona Franca de Manaus.Digo aqui e digo em São Paulo.
BNC: Queremos saber o que o senhor pensa sobre a Zona Franca de Manaus. Seu posicionamento como liberal na economia não entra em confronto com a área de isenção fiscal?
Flávio Rocha: Sou o único candidato que se manifestou expressamente a favor da Zona Franca de Manaus. Digo aqui e digo em São Paulo. A Zona Franca, assim como os incentivos fiscais para o nordeste, são mecanismos inteligentes, automáticos de lidar com a questão da desigualdade regional. Se você investiu, gerou empregos, você tem o beneficio pela via automática do abastimento de imposto. Então, não há outra maneira mais inteligente de lidar com esse prolema de um País extramente desigual que essa via automática dos incentivos. A Zona Franca mantida, prestigiada. Temos que recuperar a competitividade da indústria. A indústria no nosso estagio de desenvolvimento não pode ter só 11% de sua economia industrial.
BNC: A sua pré-campanha cumpre a missão de pautar no debate desta eleição a questão econômica neste ponto de vista do empreendedorismo, da geração de emprego e renda no setor de varejo e serviço?
Flávio Rocha: Exatamente. Eu acho que essa era a intenção inicial que me angustiava. Temas absolutamente relevantes que estavam aí pela covardia da classe política de enfrentar o politicamente correto. No início, a ideia era realmente pautar, agendar este debate. Agora, vejo com muita alegria que essa angústia era tão grande e generalizada que começa aglutinar num projeto politico viável e com condição de vitória.
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