Por Rosiene Carvalho , da Redação
O presidente da Associação dos Praças e Soldados da Polícia Militar do Amazonas (Apeam), Gerson Feitosa, declarou, ao BNC Entrevista que a categoria pode entrar em greve em pleno período de eleições gerais no Brasil caso permaneça o impasse sobre a recomposição salarial que recebeu veto do governo nesta semana.
Esta semana o governo enviou à Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas (ALE-AM) o veto total à sua própria mensagem, que poderia aumentar o salário dos policiais, em média, em torno de R$ 1 mil.
A expectativa é que o veto ainda tramite por cerca de um mês antes de ir à votação e, para derrubá-lo, a oposição precisa reunir 13 votos, o que já ocorreu em outras votações.
Mas a informação desagradou e acendeu o sinal de alerta da categoria, que marcou assembleia para amanhã às 9h na sede da Apeam, na Zona Norte, e já cogita nova paralisação.
“Na verdade é que num impasse entre o governo e oposição, sobrou para a Polícia Militar. A gente não vai permitir que isso aconteça. O policial tem direito à data base dele. Isso tem que ter uma definição. Se essa solução não vier, protestaremos no meio da eleição, ignoraremos o processo eleitoral e se for preciso ir para outra mobilização, lógico sem prejudicar a população, nós iremos para outra mobilização”, declarou.
O líder dos militares disse que sem polícia militar não tem eleição. “Quero ver ter eleição lá em Japurá, Parintins, Eirunepé, naquela comunidade distante que só tem uma urna e um PM. Quero ver ter eleição sem a polícia militar”, afirmou.
Gerson disse que as mobilizações podem ocorrer nas principais datas do calendário eleitoral como lançamento de candidaturas e convenções. “No momento da transposição da frota para o interior do Estado, nós iremos iremos tentar prejudicar para que este processo não ocorra da forma mais natural possível. Para mostrar que a gente não vai ficar neste cabo de guerra entre governo e oposição”, afirmou.
Data base
Em 14 de março deste ano, a categoria paralisou as atividades. O protesto não durou 24 horas porque o governo cedeu e ofereceu aos policiais cerca de 24% de recomposição salarial em função de perdas inflacionai. A paralisação começou por volta de 18h e às 10h do dia 15 o governador chamou as lideranças do movimento para conversar.
A proposta do governo enviada à ALE-A foi que o pagamento, para a data-base de 2017, fosse no percentual de 4,0825%, a contar de 1º de abril de 2018. Para a data-base de 2015 e 2018, o percentual seria de 10,85% a contar de 1º de abril de 2019. Mas, na ALE-AM, os deputados Platiny Soares (PSB), Alessandra Campelo (MDB) e Cabo Maciel (PR) apresentaram uma emenda adiantado para este ano o maior percentual.
Briga eleitoral
Gerson Feitosa afirma que a luta pela recomposição salarial dos policiais foi contaminada pela disputa eleitoral de 2018. Ele acusa os deputados e pré-candidatos à reeleição Platiny Soares e Cabo Maciel de tentar apresentar emendas para “agradar” a categoria e terem, ao final, criado um problema porque agora os policiais correm o risco de ficar sem nada.
O presidente da Apeam afirma que outra questão eleitoral que contamina a discussão da recomposição salarial dos policiais é a ligação dos deputados a pré-candidatos ao governo que querem confrontar o governador Amazonino Mendes.
“Nos demos conta que a briga está na disputa do governo do Estado. Os candidatos que os deputados apoiam ao governo do Estado são candidatos de oposição ao governador Amazonino Mendes. Então, interessa a esses deputados causar uma indisposição do governador para com a categoria, independente se a categoria vai sair perdendo, para tentar prejudicar o candidato (Amazonino) que é adversário deles”, declarou
Gerson Feitosa é filiado ao MDB do senador Eduardo Braga, que tem sinalizado proximidade do governador e pré-candidato à reeleição Amazonino Mendes.
O presidente da Apeam esclareceu, durante a entrevista ao BNC, que não é pré-candidato ainda e que pode ser que nem se confirme com candidato em 2018. Ao introduzir esta questão, afirmou que governo e ALE-AM não compreendam seu posicionamento como ameaça mas disse estar disposto a ir para o confronto contra os dois poderes se for preciso para garantir a recomposição da categoria que representa.
“Vamos buscar por todos os meios. Seja quem for o candidato deles.
Assista a entrevista na íntegra:
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