por Israel Conte , da redação
Quando Wallace Souza foi eleito deputado estadual pela primeira vez, em 1998, pelo Partido Liberal (PL), Willace, um de seus quatro filhos, era uma criança de apenas 3 anos.
Após duas décadas, que registraram na história a associação criminosa (em 2008), a cassação (em 2009) e a morte do pai (em 2010), o agora jovem Willace se apresenta como pré-candidato a deputado federal pelo Avante para disputar as eleições 2018 no Amazonas.
Em entrevista aos jornalistas do BNC Amazonas Neuton Corrêa e Rosiene Carvalho, nesta segunda-feira, dia 19, o membro da família Souza falou do combate ao sistema que vitimou seu pai, política, injustiças e de como o legado de Wallace o ajudará a escrever sua própria história.
Família e política
Willace cresceu num ambiente familiar político. Viu, além do pai, os tios Carlos e Fausto Souza, elegerem-se deputado federal e estadual, respectivamente.
Quando perguntado porque já quer começar sua carreira na política por Brasília, a resposta é simples.
“Do que adiantaria eu vir pra deputado estadual, se as mesmas pessoas que votam no Carlos (que já anunciou que disputará uma vaga na Assembleia Legislativa), votam em mim? Não teria condições. Ia acontecer o efeito da família Castelo Branco, quando saiu o Reizo (filho) e a Vera (mãe). Acabaram que os dois não se elegeram”, lembrou.
“Venho pra deputado federal. Nunca fui candidato a nada, mas me sinto preparado para, se der certo, entrar na Câmara Federal e corresponder a vontade dos amazonenses e dos meus eleitores”, falou em tom de discurso.
Willace se diz preparado para ser deputado
Só David
Willace segue a linha da renovação política. Tem conversado com partidos menores que buscam outros nomes para legislar e administrar o Estado e afirma não ter ligações com nenhum grupo político “tradicional”.
Se tivesse que topar uma aliança, o único da lista seria o presidente da Assembleia Legislativa e pré-candidato ao Governo do Estado, David Almeida (sem partido).
Proprietário do blog Sem Balela onde publica suas andanças mostrando os problemas de Manaus, Willace expõe suas ideias nas redes sociais. “A minha causa tem sido fiscalizar o poder público”.
Legado
Para financiar a campanha, Willace diz contar com o apoio de pessoas que foram ajudadas por seu pai, quando este apresentava o programa “Canal Livre”, exibido na TV a partir de 1996.
“Pessoas que acreditam no legado do meu pai dizem: ‘teu pai me ajudou em tal ano, tirou meu filho da droga, e eu vou te ajudar’”.
Willace afirma querer levar para a sua vida política a mesma “insistência do pai em ter independência”.
“O Wallace Souza surgiu do povo, da população, não foi um cacique político que puxou o Wallace. O Wallace foi um fenômeno da população. Do meu pai, o que tenho levado é a insistência em bater de frente com o sistema”, disse.
Sistema esse, que conforme Willace, vitimou o seu pai e sua família.
“[Ele] era um arquivo vivo de todos os poderes do Estado. Wallace foi pedra no sapato de alguém por tudo o que ele fez. Costumo dizer que fomos vítimas do sistema. E eu me ponho a combatê-lo. Um sistema corrupto que fez o que fez com o meu pai”.
Injustiça
Willace também prega que a imprensa foi injusta na cobertura do chamado caso Wallace entre 2008 e 2009. As investigações apontavam que o apresentador e parlamentar comandava um grupo criminoso que exterminava traficantes. As reportagens sobre os assassinatos eram exibidos no programa Canal Livre para aumentar a audiência.
“Não houve, em nenhum momento, liberdade de expressão [ao] meu pai [para] ele poder se posicionar. Não por parte da justiça, mas por parte da imprensa. A imprensa foi muito incisiva. Hoje você não encontra isso. [Era] um massacre todo dia na manchete de jornal…”, lembra.
Apesar do legado do pai, Willace quer escrever sua própria história.
“Mas eu quero que as pessoas conheçam o meu lado. Meu pai criou a história dele. Hoje eu estou tentando criar a minha”.
Assista a entrevista, na íntegra:
Foto: BNC