Embora tímido, como o crescimento da economia brasileira – PIB de 1,1% – o faturamento do turismo no país teve alta de 2,2% em 2019 totalizando R$ 238,6 bilhões (acréscimo de R$ 5,1 bilhões).
A alta no emprego do setor foi de 1,2% em relação ao total de empregados do em 2018. Nos 27 estados e no Distrito Federal foram gerados 35.692 novos postos de trabalho.
Os dados são do ICV-Tur, índice da pesquisa elaborada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), em parceria com a Cielo.
“Não somos feios, mas somos poucos e moramos longe”. Essa máxima, parafraseando o dito popular, pode ser aplicada aos resultados tímidos da pesquisa da CNC sobre o turismo na região Norte em 2019.
Apesar de serem regiões naturalmente ricas, a baixa densidade demográfica e a distância das áreas mais populosas, como o Sudeste e o Sul, explicam a menor participação do Centro-Oeste (6,9%) e do Norte (3,0%) na movimentação das vendas do setor no ano passado.
Envolvendo as áreas de restaurantes, hotéis e similares, agentes de viagens, cultura, lazer e transportes de passageiros, os sete estados do Norte tiveram o menor faturamento entre todas as regiões: R$ 7,3 bilhões, seguida pelo Centro-Oeste, com 16,5 bilhões de faturamento no turismo.
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Amazonas, segundo da região
O estado do Pará, que se destaca pela gastronomia, ficou em primeiro no ranking de faturamento do Norte: R$ 2,8 bilhões, seguido pelo Amazonas, com suas belezas naturais e culturais, de R$ 2,2 bilhões.
Pela pesquisa ICV-Tur, a terceira força do turismo no Norte é o estado de Rondônia. Em 2019, vendeu R$ 900 milhões em produtos turísticos, seguido por Tocantins (R$ 500 milhões), Acre, Amapá e Roraima, cada um com faturamento de R$ 300 milhões.
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Concentração no Sul-Sudeste
A amplitude do volume de receitas no Sudeste sobre as demais sobressalta a diferença de porte entre as regiões, expondo a concentração do fluxo da prestação dos serviços turísticos, bem como a movimentação de riqueza.
O Sudeste, portanto, respondeu por 61,6% do faturamento do setor turístico, com R$ 147 bilhões, sendo R$ 96,7 bilhões somente em São Paulo. O Sul participou com 15,9% (R$ 37,9 bilhões) enquanto o Nordeste foi responsável por 12,6%, faturando R$ 30 bilhões em 2019.
Segundo maior em vendas, o Rio de Janeiro faturou R$ 25,5 bilhões. No entanto, significou queda de 3,8% em relação a 2018. Já Minas Gerais apresentou R$ 19,2 bilhões em vendas, cerca de 3,9% a mais no ano.
Os seis estados respondem por vendas de R$ 180,0 bilhões, cerca de 75,4% do volume total, indicativo da força econômica e retrato da dispersão da desigualdade em relação aos demais estados.
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No ritmo da economia
O presidente da CNC, José Roberto Tadros, explica que o setor de turismo acompanhou, no ano passado, a gradual recuperação da economia do País. “Como previsto, o faturamento do turismo acompanhou os indicativos de alta em 2019, em sinergia com a performance esperada para a economia”, avalia.
O economista da CNC responsável pela pesquisa, Antônio Everton Júnior, observou que o faturamento do turismo ao longo da primeira metade de 2019 apresentou oscilações, influenciado pela incerteza do rumo da economia e pelas dificuldades de aprovação da reforma da previdência.
Comportamento diferente aconteceu a partir de agosto, quando as medidas de incentivo ao consumo com a liberação dos recursos do FGTS, a queda dos juros em compasso com estabilidade inflacionária e o aquecimento do mercado de trabalho impulsionaram as vendas.
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Produtos mais procurados
Os consumidores têm optado por refeições fora de casa, deslocamentos em viagens e serviços de hospedagem, de acordo com o ICV-Tur CNC.
Juntos, os segmentos de restaurantes e similares (53,3%), transporte de passageiros (26%) e de hospedagem e similares (11%) foram responsáveis por 90% das vendas turísticas, com valor em torno de R$ 216 bilhões.
Em 2019, todos os segmentos de serviços turísticos indicaram aumento de vendas em relação a 2018. Transporte de passageiros (5,3%) foi o que apresentou a maior elevação, seguido de hotéis e similares (3,3%).
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Geração de empregos
De acordo com a pesquisa da CNC, baseada nos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), o emprego no turismo cresceu pela segunda vez consecutiva em 2019, em patamar superior a 2018.
Há, hoje, 2,9 milhões de trabalhadores no setor, sendo 67% nas atividades de hospedagem e alimentação.
A já citada elevação de 1,2% no estoque de trabalhadores foi resultado da criação de 35.692 novos postos de trabalho, configurando aumento de 163,6% em relação às vagas de 2018.
A elevação não compensou, entretanto, o déficit registrado entre 2015 e 2017.
A região Norte foi responsável pela geração de apenas 1.215 postos de trabalho ou 3,41% do total de empregos criados no setor de turismo em 2019.
O Nordeste, com toda a sua potencialidade turística, teve retração no volume de empregos, registrando -1.263 postos em relação a 2018.
O Sudeste foi o campeão (23.955), seguido pelo Centro-Oeste (6.393) e o Sul, que empregou 5.392 pessoas no ano passado.
De acordo Everton Júnior, a evolução do setor, no que se refere à empregabilidade, tem acompanhado o dinamismo do mercado de trabalho em geral.
“Dos grupos desse segmento, o único a revelar diminuição das contratações foi Transporte de Passageiros, em decorrência das demissões dos modais ferroviário e rodoviário”, explica o especialista, sublinhando que a região Sudeste também exerce liderança na abertura de postos de trabalho do setor.
* Com informações da Assessoria da CNC
Números de empregos
Foto: Roberval Rocha/Câmara Municipal de Manaus (praia do Tupé, em Manaus)