Nomeado para o cargo de ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira não pretende se descuidar dos interesses de seu partido, o PP, e de seu grupo político, o Centrão.
Por iniciativa dele, a legenda deve contratar em breve um instituto de pesquisa para monitorar a popularidade do governo e as intenções de voto em Jair Bolsonaro, que hoje aparece em segundo lugar na corrida presidencial.
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O ministro-chefe alega que a medida é necessária porque ele tem a impressão de que a vantagem de Lula sobre Bolsonaro não é tão larga como sugerem levantamentos divulgados recentemente.
Esse tipo de argumento é caro ao presidente da República, que costuma atacar a credibilidade também dos institutos de pesquisa.
Pesquisas incomodam
Segundo Datafolha divulgado no início de julho, Lula tem 46% de intenções de voto nas simulações de primeiro turno, ante 25% de Bolsonaro. A diferença é ainda maior na projeção de segundo turno: 58% a 31%.
O Datafolha também mostrou que a avaliação positiva do governo está em 24%. Já a reprovação atingiu 51%.
Os dados são preocupantes, mas não minam a retórica otimista de Ciro Nogueira, fiador e principal beneficiário da adesão do “centrão” ao governo.
O ministro defende a tese de que a recuperação econômica e o avanço da vacinação contra a covid-19 ajudarão a recuperar a popularidade do governo e a impulsionar Bolsonaro na corrida presidencial.
Há até uma meta informal definida: fazer a avaliação positiva do governo chegar a pelo menos 40%.
Ciro Nogueira garante que, se esse porcentual for atingido, Bolsonaro conquistará um novo mandato.
Para justificar a tese, ele argumenta que a maioria dos candidatos à reeleição com 40% de aprovação venceu a disputa, conforme um estudo de uma consultoria internacional.
Sempre ao lado de quem governa
Desde a sua primeira eleição para a Câmara dos Deputados, na década de 90, Ciro Nogueira apoiou todos os presidentes da República: Fernando Henrique Cardoso, Lula, Dilma Rousseff, Michel Temer e, agora, Jair Bolsonaro.
O PP e o “centrão” são governistas por natureza e não sabem viver na oposição.
A contratação do instituto de pesquisa é importante até por isso. Se Bolsonaro não decolar, nada impede que Ciro Nogueira e seus colegas desembarquem do governo para posar na foto ao lado do novo detentor do poder — como sempre fizeram.
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Foto: Reprodução/Portal V1