Refinaria de Manaus é vendida por 70% do seu valor, diz estudo do Ineep

A Reman “está avaliada num valor mínimo, pelo câmbio mais elevado este ano, em US$ 279 milhões”, mas foi negociada pela estatal por S$ 189 milhões

Refinaria de Manaus é vendida por 70% do seu valor, diz estudo do Ineep

Iram Alfaia, do BNC Amazonas em Brasília

Publicado em: 30/08/2021 às 18:27 | Atualizado em: 30/08/2021 às 18:29

O Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep) aponta que a Refinaria de Manaus (Reman) foi vendida pela Petrobrás à Atem Distribuidora, principal concorrente da estatal na região, por 70% do seu valor de mercado,

De acordo com o Ineep, a Reman “está avaliada num valor mínimo, pelo câmbio mais elevado este ano, em US$ 279 milhões”, mas foi negociada pela estatal por S$ 189 milhões.

“O Ineep utilizou o método do Fluxo de Caixa Descontado (FCD), que se baseia no valor presente dos fluxos de caixa, projetando-os para futuro”, explicou nota do Instituto.

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Do resultado, são descontadas: taxa que reflete o risco do negócio, despesas de capital (investimento em capital fixo) e necessidade adicionais de giro.

Para obter o resultado, o estudo se baseia em dois cenários, considerando um piso cambial de US$ 5,15 e um pico de US$ 5,83. Essa faixa foi adotada em função da alta volatilidade cambial da economia brasileira no cenário de negociação do ativo.

“A partir desses dois cenários, e baseando-se nesses piso e pico cambial, o estudo conclui que a refinaria pode valer de US$ 279 milhões a US$ 365 milhões”, concluiu o Ineep.

Metodologia

Como a Petrobrás não apresenta valores isolados de cada refinaria, o Ineep que fez um rateio dos dados disponibilizados para estimar as receitas e despesas da Refinaria de Manaus.

“Em relação às receitas do Reman, foram levadas em conta a produção dos derivados da refinaria, a capacidade de produção, entre outras informações”, diz a nota.

Também foi utilizado o valor das exportações de derivados do estado do Amazonas para se chegar a um número aproximado para a exportação dos derivados da refinaria.

“Já para o cálculo das despesas da carga fresca processada utilizou-se um preço médio do Brent. Já em relação às despesas, o Ineep realizou o ‘rateio’ para Reman, a partir dos dados disponíveis de custo de produção e refino, bem como das despesas administrativas”, explicou.

Com essas informações, o instituto utilizou dois cenários possíveis. Para o primeiro, trabalha com a manutenção das despesas atuais para os próximos anos. No segundo, prevê 75% das despesas de vendas da refinaria do cenário base para o cálculo do seu fluxo de caixa livre.

Assinam a nota os pesquisadores Eduardo Costa Pinto, Henrique Jager, Rafael Rodrigues da Costa e Rodrigo Leão.

Foto: reprodução