Conselho de Saúde não vê base para suspender vacina em adolescentes
O CNS emitiu uma recomendação para que o governo federal "mantenha a vacinação de todos os adolescentes de 12 a 17 anos" contra a covid-19

Diamantino Junior
Publicado em: 17/09/2021 às 20:40 | Atualizado em: 17/09/2021 às 20:40
O Conselho Nacional de Saúde (CNS) comentou a decisão do Ministério da Saúde de restringir a imunização de adolescentes e publicou, nesta sexta-feira (17), uma recomendação para que o governo federal “mantenha a vacinação de todos os adolescentes de 12 a 17 anos” contra a covid-19.
“Até o momento, não há qualquer comprovação de relação da morte do jovem com a vacina contra a covid-19”, disse o conselho, que se refere à história de um paciente de 16 anos que morreu oito dias após a aplicação da primeira dose. Além disso, o governo de São Paulo informou que o óbito, ocorrido em 2 de setembro, decorreu de uma doença autoimune.
E o CNS explica, ainda: “a vacinação, além de ser a melhor evidência para que seja conferida a redução de casos e óbitos decorrentes da covid-19, e de ser um direito da população brasileira, ainda não atingiu o alcance necessário para uma situação epidemiológica controlada”.
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De acordo com Artur Custódio, coordenador da Comissão Intersetorial de Vigilância em Saúde, do CNS, “não há critérios científicos nessa decisão do Ministério da Saúde”.
“Temos que aumentar a cobertura vacinal. A vacina mostrou a que veio. A desaceleração da pandemia do Brasil mostra o efeito da vacina. É fundamental para a questão das escolas, das pessoas que moram com idosos, que a gente vacine os adolescentes”, disse.
A medida do Ministério da Saúde foi tomada nesta quinta-feira (16) com o argumento de que é importante uma certa “cautela” diante de efeitos adversos a serem investigados.
Em nota, a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) também criticou a decisão: “apesar de entender que a população de maior risco deve ser priorizada, a entidade discorda do recuo do Ministério da Saúde em relação à vacinação de adolescentes sem comorbidades após o anúncio do início da vacinação desse grupo. A medida gera receio na população e abre espaço para fake news.”
Diferença entre decisões
A decisão do Ministério da Saúde sobre os adolescentes é diferente da tomada em maio sobre o uso da AstraZeneca em gestantes.
Naquela ocasião, foi a Anvisa que recomendou a suspensão da aplicação da vacina AstraZeneca em grávidas.
Um dia depois, o Ministério da Saúde acatou a indicação, ligada à investigação sobre morte de uma gestante, e autorizou apenas a CoronaVac ou a vacina da Pfizer para aquele público.
À época, a decisão da Anvisa e do ministério teve apoio de especialistas. No caso da decisão sobre os adolescentes, a crítica foi unânime e até mesmo o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems) anunciaram “profundo lamento”.
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Foto: Agência Brasil