‘Capitã Cloroquina’ se inspirou na Prevent para implantar TrateCov em Manaus
Mayra Pinheiro apresentou uma nota informativa da pasta citando o uso da hidroxicloroquina pela Prevent como um caso de sucesso

Iram Alfaia, do BNC Amazonas em Brasília
Publicado em: 29/09/2021 às 04:00 | Atualizado em: 28/09/2021 às 21:14
Um estudo da Prevent Senior, empresa acusada de usar pacientes da covid-19 (coronavírus) como cobaias receitando hidroxicloroquina, medicamento sem eficácia contra o vírus, e de pressionar médicos a prescrever o “kit covid”, foi usado como base pelo Ministério da Saúde para implantar o aplicativo TrateCov em Manaus.
A secretária de Gestão do Trabalho da pasta, Mayara Pinheiro, conhecida como “Capitã Cloroquina”, responsável em propagar o TrateCov na capital amazonense, apresentou uma nota informativa da pasta citando o uso da hidroxicloroquina pela Prevent como um caso de sucesso.
O estudo de maio do ano passado, assinado pelos médicos da empresa Daniella Cabral de Freitas, Henrique Godoy e Sérgio Antônio Dias da Silveira, serviu como base para o ministério indicar o aplicativo para receitar hidroxicloroquina e outros medicamentos sem eficácia.
“Eles assinam a nota informativa que foi apresentada pelo Ministério da Saúde naquele momento, exatamente dando esse endosso em relação ao, digamos assim, acompanhamento, ao tratamento que a Prevent Senior fazia”, revelou a senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA);
O fato veio à tona durante depoimento à CPI, nesta terça-feira (28), da advogada Bruna Morato, que representa os médicos que denunciaram a Prevent Senior por uso indiscriminado de medicamentos sem eficácia contra Covid-19.
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Afastamento
A revelação feita pela senadora maranhense revoltou o presidente da CPI, Omar Aziz (PSD), para quem se trata de um caso muito sério.
“O que a senhora está dizendo é o seguinte: a Doutora Mayra, que continua lá no cargo, em maio do ano passado usa como exemplo esse protocolo assinado por esses três profissionais de saúde. Isso foi em maio de 2020, mas ela continuou com esse protocolo mesmo com a Organização Mundial de Saúde dizendo que não valia nada, mesmo com todo mundo falando que não valia nada. Ela persistiu nisso até criar um aplicativo e levar a Manaus em janeiro”, resumiu Omar.
Com base no artigo 243 do Regimento Interno do Senado, o vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), apresentou uma questão de ordem pedindo o afastamento imediato de Mayra Pinheiro da sua função.
“Eu rogo à direção desta CPI, na qual me incluo, para buscarmos, em audiência, o quanto antes, com o ministro Ricardo Lewandowski, apresentar os fatos novos, que tornam inevitável a necessidade de afastamento da senhora Mayra Pinheiro para o bem da condução das investigações”, defendeu.
Foto: Agência Senado