Presidente da CPI ironiza falta da ‘trupe bolsonarista’ na sessão
Na quarta-feira o dono da Havan, Luciano Hang, foi ouvido pela comissão e a tropa de choque do governo estava em peso

Publicado em: 30/09/2021 às 14:09 | Atualizado em: 30/09/2021 às 14:09
Antes do depoimento Otávio Fackoury, o presidente da CPI, Omar Aziz, ironizou a ausência do que ele chamou de “trupe de bolsonaristas” para acompanhar o depoimento do empresário. “Mesmo o senhor defendendo o presidente Bolsonaro, a tropa de choque dele não está presente para defendê-lo”, disse Aziz a Otávio Fackoury.
“Acho que o ‘velho da Havan’ é mais rico”, declarou o presidente.
O empresário bolsonarista admitiu nesta quinta-feira (30), em depoimento à CPI da covid do Senado, ter custeado financiamento de grupos que imprimiram material de campanha de Jair Bolsonaro em 2018.
“Declarei todas as minhas ajudas de campanha”, disse.
“Esses valores (para o grupo de apoiadores de Bolsonaro) não foram para nenhuma campanha política e por isso não estão declarados”, reconheceu ele.
Leia mais
CPI da covid já tem data marcada para mostrar relatório final
Em 2015, o STF (Supremo Tribunal Federal) declarou inconstitucional as doações de empresas para campanhas eleitorais.
O entendimento legal permite doações de pessoas físicas para campanhas, mas todas elas têm de ser registradas à Justiça Eleitoral.
Fakhoury é investigado pela CPI por suspeita de financiar um esquema de disseminação de notícias falsas e ele próprio propagar fake news.
Em seu depoimento, o empresário disse que é seu direito de não usar máscaras, de se posicionar contra as vacinas, advogar em favor do tratamento precoce com medicamentos sem eficácia e também questionar medidas de isolamento como o lockdown.
Essas medidas, defendidas por ele em redes sociais, contrariam o consenso científico para o enfrentamento da pandemia.
Investigação por homofobia
A CPI decidiu acionar o Ministério Público Federal (MPF) para investigar o empresário pelo crime de homofobia.
Durante o depoimento, Fakhoury foi confrontado com uma postagem de cunho homofóbico contra o senador Fabiano Contarato (Rede-ES) em uma rede social.
Contarato, que chegou a assumir temporariamente a presidência da CPI, contestou o empresário diretamente e disse que ele deveria pedir desculpas a toda a população LGBTQIA+.
“A orientação sexual não define o caráter, a cor da pele não define o caráter. A minha família não é pior do que a sua. A mesma certidão de casamento que o senhor tem, eu também tenho”, afirmou o senador.
Fakhoury tentou esclarecer a situação.
“Foi um comentário infeliz, em tom de brincadeira. Respeito a sua família como respeito a minha. Tenho amigos de todos os lados, de todas as orientações. Não tive a intenção de ofender. E se ofendi, e ofendi profundamente, peço desculpas. Não sou uma pessoa que discrimina nem raça, nem cor, nem orientação sexual. Não vejo problema nenhum em retratar, não insisto no erro. Umas das condições da pessoa cristã é reconhecer o erro e pedir perdão. E me retrato aqui diante de todos”, disse, complementando que se retratava a todos que se sentiram ofendidos.
Leia mais no UOL
Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado