Com R$ 2,9 bi no Fundo Amazônia, só R$ 85 milhões combatem queimadas

Parte dos recursos disponíveis neste ano se deve a um crédito extraordinário solicitado pelo próprio governo

Governo Bolsonaro impõe mordaça ao Inpe sobre queimadas

Ferreira Gabriel

Publicado em: 21/10/2021 às 15:40 | Atualizado em: 21/10/2021 às 20:10

Em meio a índices recordes de desmatamento e de queimadas no País, o problema não se resume à pouca destinação de recursos para a área.

Até o fim de setembro, o Ibama e o Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBio), responsáveis pela gestão ambiental, tinham R$ 384,9 milhões para, especificamente, ações contra o desmatamento e as queimadas.

Dentro dessa cifra estão o orçamento federal, definido todo ano, pedidos de créditos extraordinários e emendas parlamentares. Ocorre que, até a última semana do mês passado, apenas R$ 83,5 milhões desse montante (22%) haviam sido efetivamente utilizados.

Os dados oficiais, que foram compilados pelo Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc), apontam que outros R$ 187,5 milhões chegaram a ser empenhados – ou seja, reservados para pagamentos futuros –, mas isso não significa que esses repasses ocorrerão em 2021.

Na prática, grande parte pode ser quitada só no ano que vem – quando haverá outro orçamento à disposição.

Parte dos recursos disponíveis neste ano se deve a um crédito extraordinário solicitado pelo próprio governo, após a pressão interna e externa que tem sofrido por causa do descontrole do desmate e das queimadas.

Em junho, o Congresso Nacional votou a favor dessa ampliação, fazendo com que o orçamento inicialmente previsto – de R$ 135,1 milhões – chegasse aos atuais R$ 384,9 milhões. O efeito prático desse reforço, porém, não se vê nas florestas nacionais.

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