David diz que ele e Wilson fecham cortina para os velhos caciques

O prefeito de Manaus, David Almeida (Avante), disse neste domingo, dia 24, por ocasião do aniversário de 352 anos da cidade, que ele e o governador Wilson Lima (PSC) estão fechando a cortina para os velhos caciques políticos do Amazonas.

“Nós vamos continuar fechando a cortina da história para uma geração que já teve tempo, dinheiro e apoio político para mudar esse estado. E não mudou”, disse David.

A fala ocorreu durante a inauguração do Parque Rio Negro, onde Wilson anunciou protocolos para liberar R$ 580 milhões para o prefeito aplicar em Manaus.

Leia mais

Wilson Lima anuncia transporte gratuito para estudantes em 2022

O valor é o maior da história da relação institucional Estado e prefeitura da capital.

David Almeida comentou também que o fechamento da cortina começou a ser feitO em 2018, quando a população elegeu Wilson a governador e quando o elegeu a prefeito de Manaus em 2020.

Egos e vaidades

Da redemocratização até 2018, observou o prefeito de Manaus, a cidade era governada por caciques políticos que tinham como premissa o ego e a vaidade, que impediam o desenvolvimento da capital.

“O ego e a vaidade se tornavam maiores do que a dor do povo”, comentou, David, acrescentando.

“Antes, o prefeito não falava com o governador; o governador não se relacionava com o presidente; o presidente não se relacionava com o prefeito. Aí, sabe quem sofria? O povo, o povo”.

O prefeito também lembrou que ele o governador chegaram aos cargos sem padrinhos políticos.

“Graças a Deus e ao povo dessa cidade, que me deu tudo, e ao povo do estado que deu ao governador sem nenhum padrinho político, eu vim rompendo contra tudo e contra todos, assim como o governador. E o povo se agrada do nosso governo e da nossa gestão”.

Sintonia

Ao fim do discurso, David explicou porque ele e Wilson estão em sintonia, numa provocação à histórico divergência que sempre houve entre governador e prefeito de Manaus.

“Todo mundo me pergunta por que eu me entendendo com o governador. Tenho falado até para os vereadores. Eu me entendendo com o senhor, governador, porque o senhor não quer ser prefeito de Manaus e eu não quero ser governador”.

Wilson afinado com David

Discursando depois do prefeito, o governador Wilson Lima seguiu na mesma linha da fala de David.

Por exemplo, sem citar nome, ele fez referências a características associadas ao senador Eduardo Braga (MDB), que deve ser seu adversário nas eleições de 2022, quando disputará a reeleição.

Leia mais

Por Manaus, governador e prefeito se juntam e investem R$ 580 milhões

“David, sabe aquela história da arrogância, da prepotência, da truculência, meu irmão, esse tempo acabou e ele acabou no dia primeiro de janeiro de 2019”, cutucou.

Depois, o governador disse:

“Os (políticos) que passaram por aí sempre tiveram muito poder ou eram muito ricos e sempre viveram às custas da miséria do povo”.

Aliança

Os discursos de David e Wilson podem ser interpretados também como o fechamento de um alinhamento que já vinha sendo observado entre ações de governo e prefeitura desde agosto passado.

Pode também ser tratado como marco inicial de uma aliança que pode colocar as duas maiores máquinas públicas do Amazonas trabalhando pela reeleição de Wilson.

David, por sua vez, demostrou mais do que boa vontade.

Ele, na verdade, expôs um pensamento estruturante que mostra seu distanciamento às velhas lideranças políticas do estado e que, com ele e Wilson, nasce uma nova geração política no Estado.

Força política

Além de discurso, o evento deste domingo de aniversário de Manaus pode ter sido também uma demonstração de força política de David e Wilson.

Tanto o é que, em pleno domingo, o palco montado para o evento foi lotado por vereadores da capital e deputados estaduais.

Cautela

Apesar de toda a demonstração de aliança política e institucional, e possivelmente eleitoral, David e Wilson, quando abordados sobre o assunto pelo BNC AMAZONAS, rechaçaram a conjectura.

O prefeito disse que é muito cedo para falar sobre isso.

O governador, por sua vez, comentou que ainda há muita água para passar sob a ponte.

Foto: Neuton Corrêa/BNC AMAZONAS