Querida Ana Maria,
Neuton Correa
Publicado em: 20/08/2017 às 19:06 | Atualizado em: 20/08/2017 às 19:06
Sou permanentemente grato a vc.
Acolheu-me em São Paulo com amizade e carinho, que são inesquecíveis ao meu coração.
Lembro-me de cada detalhe e dia, como se fosse hoje.
Nesse particular o tempo não passou, nem as lembranças deixaram de ter valor.
Avalio, agora, a sua apreensão e ansiedade com o desenrolar da campanha eleitoral, que tem o seu irmão como um dos protagonistas e com grandes possibilidades de vitória.
Nesse mesmo sentido, peço-lhe avaliar o que venho enfrentando, para me manter íntegro, imparcial e justo.
Não tenho nem saído de casa.
É pressão de todos os lados.
Sinceramente, se soubesse o que iria enfrentar não teria aceito o encargo.
Já deixei de fazer duas viagens e tenho tido assídua insônia.
Sei que estou sob olhares e vigilância contínua. Qualquer concessão serei escrachado.
Por isso, peço-lhe desculpas por não atende-la como gostaria.
Este prédio onde moro é todo cercado de câmeras, sem falar que sou vizinho de um delegado federal; o síndico é um delegado civil; dois desembargadores; dois promotores de justiça e uns três advogados.
Desculpe-me mais uma vez e a saiba o quanto lamento em não recebe-la.
Minha preocupação agora é com o amanhã.
As eleições passarão, ou talvez nem ocorram, e provavelmente muitas amizades perecerão.
Fico comovido é triste, mas vc é inteligente e pode compreender o que se passa comigo.
Tenha a certeza de uma coisa: todos os candidatos estão recebendo igual tratamento.
Deus lhe ajude a entender a minha situação.
Paulo Fernando