Morre o artista macuxi Jaider Esbell, renomado mundialmente

As obras de Esbell estรฃo em exposiรงรฃo desde setembro deste ano na mostra "Moquรฉm_Surarรฎ: arte indรญgena contemporรขnea" na 34ยช Bienal de Sรฃo Paulo, do Museu de Arte Moderna de Sรฃo Paulo (MAM)

Diamantino Junior

Publicado em: 03/11/2021 ร s 07:19 | Atualizado em: 03/11/2021 ร s 11:50

Morreu nessa terรงa-feira (2), aos 41 anos, o artista plรกstico roraimense Jaider Esbell. Ele era um dos destaques da 34ยช Bienal de Sรฃo Paulo. O artista, de origem indรญgena, foi encontrado morto em seu apartamento, em Sรฃo Paulo.

O Governo de Roraima lamentou a perda em nota, relatando que o artista “deixa um legado pelos valores culturais e artรญsticos dos povos indรญgenas”.

Jaider Esbell รฉ um dos artistas macuxis mais renomados de Roraima por trazer luz ร  vivencia indรญgena por meio da arte. Alรฉm de artista plรกstico, era escritor e ativista da causa Macuxi.

O artista nasceu em 1979, no municรญpio de Normandia, regiรฃo Norte de Roraima, onde atualmente estรก a reserva indรญgena Raposa Serra do Sol.

Jaider era filho adotivo de Vovรณ Bernaldina, mestra indรญgena da cultura Macuxi, queย morreu em junho de 2020ย por covid-19.

As obras de Esbell estรฃo em exposiรงรฃo desde setembro deste ano na mostra “Moquรฉm_Surarรฎ: arte indรญgena contemporรขnea” na 34ยช Bienal de Sรฃo Paulo, do Museu de Arte Moderna de Sรฃo Paulo (MAM), da qual ele tambรฉm era curador.

Uma das obras de Esbell, “Entidades”, estรก em destaque no Parque Ibirapuera, na capital paulista. As duas serpentes flutuantes de 10 metros de altura, estรฃo instaladas no lago do parque.

“Entidades” tambรฉm foi exposta naย regiรฃo do espelho dโ€™รกgua do Parque da Redenรงรฃo, em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. Lรก, foram expostas duas cobras de 7 metros durante a 28ยช ediรงรฃo Porto Alegre em Cena, festival internacional de artes cรชnicas.

“Essa obra aborda um conjunto de potรชncias. Ela estรก relacionada aos misticismos e figuras mitolรณgicas que nรฃo sรฃo contempladas pelo cristianismo neopentecostal europeu, e precisava ser grandioso. ร‰ para lembrar que todos os povos originรกrios tรชm suas criaturas gigantescas, sua importรขncia, seus signos semiรณticos, suas entidades que protegem e que cuidam. ร‰ um convite para um exercรญcio plural, para que todos pesquisem suas origens, que acessem sua cosmologia, que nรฃo se afastem da prรณpria essรชncia. Que cada um manifeste suas crenรงas como quiser pela ampliaรงรฃo do mundo”, disse Jaider Esbell aoย g1, em entrevista em setembro desse ano.

Em nota, o MAM lamentou profundamente a morte de Esbell e estendeu solidariedade a amigos e familiares. Tambรฉm classificou o artista roraimense como “uma das figuras centrais do movimento de afirmaรงรฃo da arte indรญgena contemporรขnea no Brasil”.

“Ao longo de sua trajetรณria, assim como na mostra, Esbell sempre buscou ampliar a visibilidade da arte indรญgena contemporรขnea e a luta do povo Macuxi. Esbell se identificava como neto de Macunaรญma e abordava em seu trabalho questรตes ecolรณgicas, socioculturais e polรญticas, promovendo cosmovisรตes e narrativas indรญgenas, alรฉm de crรญticas ร  cultura canรดnica da histรณria da arte”, diz trecho da nota do MAM.

Nas redes sociais, lideranรงas indรญgenas lamentam a morte de Esbell. A ativista Alice Pataxรณ o descreveu como “um grande artista”.

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Foto: reproduรงรฃo Twitter