De cada 10 servidores, seis já viram corrupção no governo desde 2018

É o que aponta estudo do Banco Mundial sobre a gestão de Bolsonaro, principalmente

Publicado em: 11/11/2021 às 10:14 | Atualizado em: 11/11/2021 às 10:14

Seis em cada 10 funcionários do governo federal testemunharam, em algum momento da carreira, atos antiéticos ou de corrupção. O levantamento faz parte de estudo feito pelo Banco Mundial com mais de 20 mil servidores federais.

Divulgada nesta quinta-feira (11), a pesquisa aponta que o principal ato presenciado por esses servidores foi o uso do cargo para ajudar amigos e familiares.

Um em cada cinco dos servidores que presenciaram irregularidades, no entanto, diz já ter observado algum colega aceitar dinheiro ou presente de particulares.

O levantamento realizado em maio também pesquisou, especificamente, os últimos três anos de trabalho desses servidores.

Os resultados apontam que, entre os que denunciaram os comportamentos irregulares, um em cada quatro diz ter sofrido retaliação pelo registro da denúncia.

A lista de práticas antiéticas frequentes relatadas pelos servidores inclui, ainda: deixar de seguir as regras quando houver pressão do seu supervisor (54% dos que presenciaram algo irregular); obter benefícios profissionais em função de vínculos com políticos ou autoridades (51,9%); priorizar interesses não legítimos nas estratégias e projetos da organização (39,16%).

Já 19,94% dos servidores que testemunharam alguma conduta antiética disseram ter observado um colega “aceitar dinheiro ou presentes de particulares”. Além disso, 18% dizem ter testemunhado alguém “favorecer particulares em compras ou contratações públicas”.

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Recorte temporal

A pesquisa do Banco Mundial junto ao governo também fez um recorte temporal sobre os três anos anteriores a maio de 2021, quando os dados foram coletados.

Os servidores foram perguntados, especificamente, se haviam testemunhado algum ato antiético nesse período – um terço (33,4%) respondeu positivamente.

Dentro desse grupo que respondeu “sim” à pergunta, as práticas mais observadas pelos servidores ocorreram durante a formulação de políticas, projetos ou programas (37,67%) e os processos de compras e contratações de serviços ou obras (35,29%).

Neste mesmo período, um em cada três servidores (33,3%) relatou ter sofrido algum tipo de pressão para cometer atos antiéticos – desses, quase dois terços foram pressionados para flexibilizar as regras e procedimentos da organização.

A pressão foi exercida, majoritariamente, pelos superiores hierárquicos desses servidores públicos. Há também, no entanto, casos de pressão por colegas de trabalho.

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Foto: Wilson Dias/ABr