Campanha “não engaveta, Aras” pede punição de crimes listados na CPI

Organizações da sociedade civil e familiares de vítimas da covid-19 fizeram mobilização em frente à Procuradoria Geral da República. Petição com 34 mil assinaturas foi entregue

Campanha “não engaveta, Aras” pede punição de crimes listados na CPI

Antônio Paulo, do BNC Amazonas em Brasília

Publicado em: 12/11/2021 às 19:11 | Atualizado em: 12/11/2021 às 19:11

Uma mobilização de 20 organizações da sociedade civil, encabeçada pela Anistia Internacional Brasil, foi realizada em Brasília em frente à Procuradoria Geral da República (PGR). A campanha “Omissão Não é Política Pública” levou até a capital federal mais de 34 mil assinaturas, exigindo que o procurador-geral, Augusto Aras, não deixe impunes os possíveis crimes apontados pela CPI da covid-19 do Senado.

Levantando placas com palavras como “omissão, negacionismo, impunidade e violações de direitos humanos”, ativistas e membros das organizações participantes fizeram o ato para exigir que sejam feitas justiça e reparação pelas mais de 600 mil vítimas da pandemia da covid-19 o mais rápido possível.

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A ação foi marcada pela participação de familiares de vítimas da pandemia, pessoas de diferentes regiões do país e que deram seus depoimentos para os vídeos da campanha.

O documento, entregue no edifício-sede do Ministério Público Federal, exige que as pessoas listadas no relatório final da Comissão Parlamentar de Inquérito sejam processadas judicialmente e devidamente responsabilizadas.

80 indiciados pela CPI

O texto do relatório final da CPI da covid pede 80 indiciamentos de pessoas físicas e jurídicas. O presidente Jair Bolsonaro, o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello e o atual, Marcelo Queiroga, são três dos indiciados.

O relatório foi entregue por senadores a Augusto Aras no dia 27 de outubro. O Procurador-Geral da República iniciou uma investigação preliminar no dia 28 de outubro contra 13 autoridades com foro por prerrogativa de função, incluindo o Presidente da República e tem um prazo de 30 dias para dar uma resposta ao que foi investigado pela Comissão.

“Omissão não é política pública”

Lançada em junho de 2021, a campanha “Omissão Não É Política Pública” reúne entidades como a Anistia Internacional Brasil, Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), Associação Brasileira de Médicas e Médicos pela Democracia (ABMMD), Associação de Vítimas e Familiares de Vítimas da Covid-19 (Avico), Conselho Indigenista Missionário (Cimi), Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira e mais 15 entidades.

“Oxigênio virou ouro”:  o colapso no Amazonas

As organizações que compõem a campanha buscaram conhecer algumas das mais de 600 mil histórias interrompidas pela pandemia no Brasil. 

A crise de oxigênio no Amazonas foi um dos momentos mais chocantes da pandemia no Brasil. Por meio do movimento SOS Amazonas, Fabiana conseguiu arrecadar recursos para a compra de respiradores e cilindros de oxigênio. 

Mesmo ajudando a salvar tantas vidas, Fabiana não conseguiu salvar o sogro. Após sofrer um acidente de carro, ele precisou ser internado, contraindo covid-19 no hospital e falecendo pouco tempo depois diante do colapso dos sistemas de saúde de Manaus. 

Não bastasse a dor do luto, a família de Fabiana – assim como diversas outras –  ela não conseguiu sepultar seu ente querido. O impacto causado pela pandemia no Amazonas foi tamanho que gerou uma sobrecarga nos cemitérios e funerárias do Estado.

Assista ao vídeo

O conteúdo de todos os vídeos com as “Histórias Interrompidas” pela covid-19 está disponível no site e nas redes sociais da Anistia Internacional Brasil: https://anistia.org.br/informe/anistia-internacional-brasil-conta-historias-de-vitimas-da-covid-19/

Foto: divulgação