Brasil de fora do acordo da Pfizer para genérico de droga contra covid

Os fabricantes de genéricos têm até 6 de dezembro para manifestar interesse em fabricar o remédio

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Diamantino Junior

Publicado em: 16/11/2021 às 16:24 | Atualizado em: 16/11/2021 às 16:24

A farmacêutica americana Pfizer anunciou, nesta terça-feira (16), um acordo de licença voluntária que vai permitir a fabricação e fornecimento de genéricos de seu comprimido para a Covid-19. O Brasil, entretanto, não está incluído nessa lista: o país terá que comprar o medicamento diretamente da Pfizer, provavelmente a preços mais altos do que os das versões genéricas.

Com o trato, fabricantes de genéricos ao redor do mundo que obtenham uma sub-licença poderão manufaturar o remédio e fornecê-lo a 95 países.

Ao jornal americano “The New York Times“, o brasileiro Felipe Carvalho, coordenador da campanha da ONG Médicos Sem Fronteiras pelo acesso a medicamentos no Brasil, lamentou a exclusão do país do acordo.

“É escandaloso que um país com uma carga pesada [na pandemia] como o Brasil seja mais uma vez deixado para trás no acesso ao tratamento”, disse Carvalho. Até segunda-feira (15), o país já havia registrado 611.384 mortes pela covid-19.

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Carvalho lembrou que, embora o Brasil seja considerado de um país de renda média alta, 75% dos brasileiros dependem exclusivamente do SUS – e poucos podem pagar por tratamentos caros.

Outros países – como LíbiaChinaCubaIraqueRússia e Jamaica – também foram excluídos do acordo.

Os fabricantes de genéricos têm até 6 de dezembro para manifestar interesse em fabricar o remédio; fabricantes brasileiros poderão participar, mas suas “versões” do medicamento só poderão ser exportadas – e não vendidas para o mercado nacional, segundo a “Associated Press”.

Conforme o acordo, a Pfizer não receberá royalties – espécie de “direito autoral” – sobre as vendas em países de baixa renda e renunciará a eles nas vendas em todos os países cobertos pelo trato, enquanto a Covid-19 permanecer uma emergência de saúde pública.

Paxlovid

No início do mês, a empresa havia anunciado que seu comprimido experimental contra a Covid-19, o Paxlovid, reduziu o risco de hospitalização ou morte pela doença em 89%. O remédio é usado em combinação com o ritonavir, um antiviral usado para o tratamento do HIV. Testes com o medicamento no Brasil começaram na semana passada.

No fim de outubro, a farmacêutica Merck – conhecida no Brasil como MSD – também anunciou um acordo para fabricação de genéricos de seu comprimido contra a Covid-19, o molnupiravir. O acordo deve facilitar o acesso de 105 países de baixa e média renda ao medicamento, mas o Brasil também não foi incluído na lista.

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Foto: divulgação