Nos últimos cinco anos, o american barbecue se popularizou no Brasil como um sopro de novidade. As carnes rígidas assadas e defumadas por horas até alcançar a maciez balançaram o mercado de churrasco nacional, até então acostumado a valorizar os cortes rápidos na grelha, como é o caso da picanha e do contrafilé.
Edvaldo Caribé foi um dos profissionais brasileiros que decidiu se especializar na técnica e virou até jurado de concurso do churrasco norte-americano.
A fim de criar uma bibliografia sobre o tema em português, ele mergulhou na história e fez uma descoberta: o símbolo cultural dos EUA que é exportado pelo mundo tem origem na Amazônia central.
No livro “O Barbecue Brasileiro”, lançado em julho deste ano, ele explica que barbecue advém de barbacoa, do idioma do povo Taino.
Para essa antiga etnia indígena que ocupou o Caribe, a palavra traduz o processo de assar carnes sobre as chamas e a fumaça do fogo em uma estrutura elevada de madeira verde.
De acordo com estudos arqueológicos, o povo Taino tem como ancestrais antigos habitantes da região amazônica, que também falam a língua aruaque e que, a partir de 6 mil AP (antes do presente*), começaram a ocupar outros territórios, como a Colômbia, a Venezuela, o Caribe e áreas da bacia dos rios Paraguai e Paraná.
A barbacoa dos Tainos se apresenta entre os povos indígenas brasileiros por outro nome: o moquém (ou moka’e, do tupi-guarani).
Registros históricos apontam a existência da prática antes mesmo da “descoberta” do Brasil, em 1500.
Apesar da diferença linguística, o objetivo de expor a carne à fumaça era o mesmo: tornar tenra até a peça de caça mais dura e conservá-la por meio da desidratação.
Leia mais no UOL .
Foto: Getty Images