Desinteresse do governo e estados encalha 15 milhões de doses de Coronavac
Estados não manifestaram interesse em compra e doação depende de aprovação do Ministério da Saúde

Mariane Veiga
Publicado em: 06/12/2021 às 19:39 | Atualizado em: 06/12/2021 às 19:39
O Instituto Butantan tem 15 milhões de doses da vacina Coronavac contra a covid-19 paradas em estoque, segundo levantamento feito pela TV Globo.
Nem o governo federal, nem os estados manifestaram intenção de compra dos imunizantes.
A Coronavac, produzida pelo Butantan em parceria com a chinesa Sinovac, começou a ser aplicada na população brasileira no começo deste ano, e era a única disponível no país.
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Posteriormente, outras três vacinas passaram a fazer parte da campanha nacional: AstraZeneca, Pfizer e Janssen.
De janeiro a setembro, 100 milhões de doses da Coronavac previstas em contrato com o Ministério da Saúde foram entregues e distribuídas aos estados, mas o Butantan também produziu um lote extra de 15 milhões de doses entre julho e agosto. São essas doses que estão sem destino.
No entanto, a validade desse lote vai até agosto de 2022, segundo o Butantan.
O Ministério da Saúde afirmou que segue as negociações para novas aquisições apenas com a Pfizer e a Astrazeneca, escolhidas por já terem registro de uso definitivo no país.
De acordo com o G1, outros 26 estados mais o Distrito Federal não têm interesse no imunizante.
Isso porque já receberam doses suficientes do Programa Nacional de Imunização (PNI).
A epidemiologista e ex-coordenadora do PNI, Carla Domingues, destaca que a vacina teve um papel fundamental na diminuição de casos graves e óbitos.
Mas no cenário atual, com o avanço da vacinação com outros imunizantes e sem aplicação da dose de reforço, pra ela, o uso da Coronavac fica limitado.
“Se nós tivéssemos registro para utilizar nas crianças, acredito que teríamos uma ótima vacina. Porque nós conhecemos que vacinas inativadas são muito importantes pra utilização no público infantil. Então nós precisaríamos ter esse registro para que a pudesse já avançar na vacinação, principalmente das crianças de dois a cinco anos de idade”, disse Domingues.
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Foto: Marcelo Camargo