Dados vazados por Bolsonaro abastecem hackers e milícias, diz ministro

Segundo o presidente do TSE Luís Barroso, "faltam adjetivos para a atitude deliberada de facilitar ataques criminosos"

Ferreira Gabriel

Publicado em: 02/02/2022 às 11:39 | Atualizado em: 02/02/2022 às 11:41

O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso, afirmou nesta terça-feira (1º) que as informações sigilosas vazadas pelo presidente Jair Bolsonaro “auxiliam milícias digitais e hackers de todo o mundo”.

Segundo o ministro, “faltam adjetivos para a atitude deliberada de facilitar ataques criminosos”.

Barroso fez a declaração em discurso na cerimônia virtual que marcou a abertura dos trabalhos do tribunal neste ano. Participaram da videoconferência os demais ministros do tribunal e o procurador-geral da República, Augusto Aras.

Em 4 de agosto do ano passado, o presidente divulgou nas redes sociais a íntegra de um inquérito da Polícia Federal que apura suposto ataque ao sistema interno do TSE em 2018 – e que, conforme o próprio tribunal, não representou qualquer risco às eleições.

O ato resultou na abertura de um inquérito por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Para a Polícia Federal, há indícios de crime na conduta do presidente.

Barroso citou Bolsonaro no discurso no momento em que falava sobre a comissão de transparência eleitoral criada para fiscalizar os testes das urnas eletrônicas que serão utilizadas nas eleições deste ano.

“Nós confiamos – porque precisamos confiar – na integridade dos membros da comissão para cumprirem a palavra de manter sob reserva as nossas conversas, para que não haja vazamentos indevidos. Sobretudo em matéria de cibersegurança, o sigilo é imprescindível por motivos óbvios. Ninguém fornece informações que possam facilitar ataques, invasões e outros comportamentos delituosos”, afirmou o presidente do TSE.

Em seguida, fez a referência a Bolsonaro:

“Tudo aqui é transparente, mas sem ingenuidades. Sempre lembrando que informações sigilosas que foram fornecidas à Polícia Federal para auxiliar uma investigação foram vazadas pelo próprio presidente da República em redes sociais, divulgando dados que auxiliam milícias digitais e hackers de todo o mundo que queiram tentar invadir nossos equipamentos. O presidente da República vazou a estrutura interna da TI [tecnologia da informação] do Tribunal Superior Eleitoral. Tivemos que tomar uma série de providências de reforço da segurança cibernética dos nossos sistemas para nos protegermos. Faltam adjetivos para qualificar a atitude deliberada de facilitar a exposição do processo eleitoral brasileiro a ataques de criminosos”, declarou Barroso.

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