Novo presidente do TSE vê ataque hacker, até russo, à Justiça eleitoral

Na avaliação de Edson Fachin, as instituições democráticas brasileiras terão seu maior teste nas eleições deste ano

Mariane Veiga

Publicado em: 16/02/2022 às 15:59 | Atualizado em: 16/02/2022 às 15:59

O ministro Edson Fachin, que tomará posse na semana que vem como presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), disse, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, que a Justiça eleitoral do Brasil pode estar sob ataque de hackers e citou a Rússia, “que não têm legislação adequada de controle”.

De acordo com Fachin, as instituições democráticas brasileiras terão seu maior teste nas eleições deste ano, mas ele disse não acreditar que o presidente Jair Bolsonaro (PL), que tem colocado a confiabilidade do voto por urnas eletrônicas, não reconhecerá os resultados.

“Eu não creio que irá acontecer. Tenho esperança de que não aconteça e vou trabalhar para que não aconteça. Mas, numa circunstância como essa, nós teremos, certamente, o maior teste das instituições democráticas do Brasil. Um grande teste para o Parlamento, que, na democracia representativa, representa a sociedade. Um grande teste para as Forças Armadas, que são forças permanentes, institucionais, do Estado, e que estou seguro de que permanecerão fiéis à sua missão constitucional e não se atrelarão a interesses conjunturais”, disse.

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Fachin lembrou que o país viveu 25 anos de uma ditadura cívico-militar, cujos resultados trouxeram consequências “nefastas”.

Para ele, não há mais espaço para populismo autoritário no Brasil. “Ditadura nunca mais. Os males da democracia devem ser resolvidos dentro da democracia”, defendeu o ministro.

Sobre o significado das eleições de 2022 no país após ataques à democracia e a invasão do Capitólio nos Estados Unidos por eleitores de Donald Trump após sua derrota para Joe Biden, Fachin disse que o pleito é “importantíssimo” não apenas para o país, mas para as Américas e Europa.

“Nós queremos nessa articulação internacional tornar as eleições do Brasil uma espécie de case mundial sobre a democracia”.

Questionado se foram detectadas ameaças hackers na prática ou se elas ainda estão no campo de riscos, ele disse que há riscos detectados em alguns países, como a Macedônia do Norte.

“Em relação aos hackers que advêm da Rússia, os dados que nós temos dizem respeito a um conjunto de informações que estão disponíveis em vários relatórios internacionais e muitos deles publicados na imprensa. Há relatórios públicos e relatórios de empresas privadas, que a Microsoft fez publicar perto do fim do ano passado, que (mostram que) 58% dos ciberataques têm origem na Rússia.”

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Foto: Rosinei Coutinho/SCO/STF

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