Wassef vira réu por racismo e injúria racial contra garçonete
A promotora Mariana Silva Nunes, do Núcleo de Enfrentamento à Discriminação (NDH), pede que Wassef indenize a vítima em R$ 50 mil

Publicado em: 17/02/2022 às 22:31 | Atualizado em: 17/02/2022 às 22:31
A Justiça do Distrito Federal recebeu a denúncia do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MP-DFT) contra Frederick Wassef, ex-advogado da família Bolsonaro. Após tornar-se réu, o acusado responderá pelos crimes de injúria racial, vias de fato e racismo.
Em outubro de 2020, ele foi denunciado por ofender uma garçonete de 18 anos, na pizzaria de um shopping do Lago Sul.
Na denúncia enviada pelo MP-DFT à Justiça e obtida pelo Correio Braziliense, a promotora Mariana Silva Nunes, do Núcleo de Enfrentamento à Discriminação (NDH), pede que Wassef indenize a vítima em R$ 20 mil, para reparação de prejuízos pessoais, e em R$ 30 mil, a título de danos morais coletivos.
Essa segunda quantia será revertida a instituição que atua no combate à discriminação racial, a ser indicada pelo Ministério Público.
A promotora exige, ainda, que o acusado participe do curso Conscientização para Igualdade Racial, ministrado pelo MP em parceria com a Universidade de Brasília (UnB).
“Diante do acima exposto, notadamente em razão da gravidade em concreto do presente caso, em que a vítima, de apenas 18 anos, foi humilhada e ofendida pelo denunciado de forma reiterada, o Núcleo de Enfrentamento à Discriminação do MPDFT manifesta-se no sentido de que os instrumentos de justiça consensual não são necessários e suficientes para reprovação e prevenção dos crime”, diz trecho da denúncia.
Nesta quinta-feira (17), o juiz Omar Dantas Lima, da 3ª Vara Criminal de Brasília, recebeu a acusação, e a defesa do advogado terá 10 dias para se pronunciar.
Acusação
O MP-DFT detalha que, em outubro de 2020, Wassef esteve na Pizza Hut do shopping Píer 21 e teria dito à garçonete: “Não quero ser atendido por você. Você é negra, tem cara de sonsa e não vai saber anotar meu pedido”.
Na sequência, o advogado teria segurado o braço da vítima e a arrastado até o balcão da cozinha do estabelecimento.
A jovem teria continuado a atender o acusado e explicado os tamanhos das pizzas com as caixas vazias do mostruário. No entanto, Wassef manteve as humilhações, jogou os objetos no chão e falou para que a funcionária os recolhesse.
No mês seguinte, em novembro, Wassef retornou ao restaurante e, novamente, teria ofendido outra atendente.
Ele disse, segundo a denúncia, que a pizza estava “uma merda”. Em seguida, perguntou se a funcionária havia comido a refeição. Insatisfeito com a resposta negativa, o acusado teria respondido: “Você é uma macaca. Você come o que te derem”.
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Foto: O Vale/reprodução