Garimpo ilegal cria clima de terror em terra indígena ianomâmi
O cenário aponta uma área de 1.038 hectares, equivalente a 3 mil campos de futebol devastados.

Da Redação do BNC Amazonas
Publicado em: 11/04/2022 às 08:13 | Atualizado em: 11/04/2022 às 08:43
A exploração de garimpo ilegal da terra indígena ianomâmi tem criado um cenário de terror e medo. De acordo com O Globo, são mais de 350 comunidades existentes no território.
Com isso, os indígenas sofrem com fome, exaustão, doenças e violência, como abuso sexual de mulheres e crianças em troca de comida.
A informa publicada pelo Último Segundo destaca que, em apenas um ano, a destruição cresceu 46% em relação a 2020.
Dessa forma, o cenário aponta uma área de 1.038 hectares, equivalente a 3 mil campos de futebol devastados. Isso representa a maior taxa anual desde a demarcação da área, em 1992.
Dados do relatório “Yanomami sob ataque – Garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami e propostas para combatê-lo” divulgado pela
A Hutukara Associação Yanomami, nesta segunda-feira, aponta ainda para uma explosão de casos de malárias, com crescimento de mais de 1.000% em dois anos, em alguma regiões.
Além de outras doenças infectocontagiosas e respiratórias, como a covid-19 e pneumonia, se unem em “tempestade perfeita” que acaba por levar mais de 60% das crianças ianomâmi a nível crônico de desnutrição infantil.
Pesquisa
A pesquisa, que usa informações da plataforma MapBiomas, identificou um crescimento de 3.350% do garimpo nas terras indígenas ianomâmis entre 2016 a 2020.
“Esse relatório demonstra para a sociedade brasileira e o governo federal que o garimpo ilegal está sem controle algum e causando problemas reais de fome, violência e mortes” diz o vice-presidente da Associação Hutukara Yanomami, Dário Kopenawa.
Do mesmo modo, a mineração produz diferentes metais e substâncias tóxicas para o ecossistema.
Por exemplo, o mercúrio, que, em contato com a água dos rios, é transformado em metilmercúrio, uma forma mais tóxica.
Como resultado, os peixes, uma das poucas proteínas disponíveis nas comunidades indígenas, absorvem parte desse subproduto, que vai para a corrente sanguínea dos ianomâmis.
Em suma, segundo o médico Paulo Basta, o mercúrio afeta o sistema nervoso central, o que pode causar enfraquecimento, alterações visuais, zumbido no ouvido, gosto de metal na boca e, em casos mais graves, convulsões, perda de memória e deficiência nos rins.
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Foto: Arquivo/Funai