Prefeitura de Manaus entrega primeiro cemitério indígena urbano do país

O espaço conta com 216 gavetas em cada um dos cinco módulos, totalizando 1.080 espaços no campo-santo

Ferreira Gabriel

Publicado em: 20/04/2022 às 11:42 | Atualizado em: 20/04/2022 às 11:42

O prefeito de Manaus, David Almeida, entregou, na terça-feira, (19), no Dia dos Povos Indígenas, o primeiro cemitério indígena urbano do Brasil em Manaus “Yane Ambiratá Rendáwa Bara Upé”, localizado no cemitério Nossa Senhora Aparecida, no bairro Tarumã, zona Oeste. O espaço conta com 216 gavetas em cada um dos cinco módulos, totalizando 1.080 espaços no campo-santo.

Na ocasião, o chefe do Executivo municipal destacou que 353 anos depois da fundação da cidade, os indígenas de Manaus passam a ter um novo espaço sagrado.

“353 anos de indiferença e esquecimento, e hoje estamos entregando esse cemitério indígena, que é o primeiro do Brasil, para que essa memória ancestral possa ser celebrada e cultuada. Nós queremos tratar a questão indígena de forma clara, de forma digna, e reconhecendo os donos dessa terra. Aqui está o meu reconhecimento, pelo trabalho, pela ancestralidade, pela importância de cada um. Manaus tem suas origens, nós somos herança dessa ancestralidade”, ressaltou o prefeito.

Os trabalhos de construção foram coordenados pela Secretaria Municipal de Limpeza Urbana (Semulsp), ainda na gestão do antigo secretário Sabá Reis, bem como o projeto técnico-arquitetônico do campo-santo, com o conjunto dos cinco módulos de sepulturas verticais em gavetas e o portal de entrada exclusivo.

A preparação das ocas, o jardim e a pintura do grafismo estão sendo realizados pela Coordenação dos Povos Indígenas de Manaus e Entorno (Copime).

“Esse trabalho começou há um tempo, na administração do nosso ex-secretário Sabá Reis, e depois de alguns meses nosso sonho se concretizou. O cemitério tem uma grande importância para as etnias indígenas aqui em Manaus. É o único cemitério nesta modalidade no Brasil. Isso terá um impacto positivo em nível nacional e até internacional“, ressaltou o titular da Semulsp, Altervi Moreira.

Para a coordenadora da Copime, Marcivana Saterê-Maué, o cemitério indígena tem um significado importante. Ela também ressaltou que os antepassados deixaram vestígios para a cidade.

“Manaus é território indígena e eu gostaria de agradecer ao prefeito David e toda a prefeitura pelo carinho, pelo apoio e principalmente pelo cuidado com a memória da cidade de Manaus. Agora nós temos a possibilidade, por meio do cemitério, de trazermos essa memória, uma memória presente, o cemitério estará presente para nós e ficará para as gerações futuras”, disse.

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Foto: Antonio Pereira / Semcom