MDB, PSDB e União Brasil fracassam como terceira via à presidência

A candidatura única das siglas enfrentou o cenário de extrema polarização, e internas, como os rachas dentro dos próprios partidos

União Brasil deve estar fora das eleições deste ano na terceira via

Publicado em: 04/05/2022 às 13:39 | Atualizado em: 04/05/2022 às 13:39

O fracasso de uma candidatura única à Presidência que aglutinasse PSDB, MDB, União Brasil e Cidadania se deve a uma série de adversidades externas — como o cenário cada vez mais polarizado entre o presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) —, mas também a rachas internos, que minaram o fortalecimento da tão alardeada união da terceira via.

O resultado é que três ou mais candidaturas devem tentar ocupar agora o mesmo espaço.

A saída de campo do União Brasil, capitaneado pelo deputado Luciano Bivar (PE), que via nas tratativas com os demais partidos um “jogo de cartas marcadas”, é uma das razões do insucesso da aliança eleitoral e expôs as dificuldades do autointitulado “centro democrático”.

O partido era o que tinha o maior caixa para gastar na campanha e o maior tempo de TV.

Outro motivo é a inflexibilidade da senadora Simone Tebet (MDB-MS) e do ex-governador de São Paulo João Doria (PSDB), que não estariam dispostos a abandonar a pretensão de serem cabeça de chapa.

Em tese, os dois continuam dialogando mesmo sem a participação do União.

Soma-se a isso o racha interno vivido pelas três principais legendas do grupo.

Apesar de ter vencido as prévias do PSDB em novembro passado, Doria não conseguiu de imediato obter o apoio irrestrito de seus correligionários, que continuaram apostando num plano B, representado pelo ex-governador gaúcho Eduardo Leite. Em nota pública recente, Leite abriu mão de uma eventual candidatura e declarou apoio a Doria, mas o estrago no partido já estava feito.

No MDB, enquanto o presidente nacional da sigla, deputado Baleia Rossi (SP), se empenha na defesa da candidatura de Tebet, caciques do Nordeste — como o senador Renan Calheiros (AL) e o ex-senador Eunício Oliveira (CE) — querem apoiar Lula. Outra ala do partido é próxima de Bolsonaro.

Nesse cenário, considerando o histórico do MDB de valorizar as lideranças locais, é possível que, mesmo que Tebet seja candidata, emedebistas importantes façam campanha, na prática, para outros postulantes ao Palácio do Planalto.

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