Corrupção no MEC, um escândalo de pastores para não ser esquecido

Entre tantas denúncias no governo Bolsonaro, que se diz incorruptível, o gabinete paralelo do MEC motivou a saída do ex-ministro da Educação

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Ferreira Gabriel

Publicado em: 05/05/2022 às 09:05 | Atualizado em: 05/05/2022 às 09:06

O escândalo de corrupção de pastores evangélicos no Ministério da Educação, sob o comando de Milton Ribeiro é mais um que não pode esquecido.

Entre tantas denúncias no governo Bolsonaro, que se diz incorruptível, o gabinete paralelo do MEC motivou a saída do ex-ministro da Educação.

As várias acusações, sustentadas inclusive com áudio do próprio Ribeiro, tratavam da intermediação de recursos da pasta a prefeitos era feita por pastores evangélicos de fora do serviço público.

O pistolão que os dois religiosos, Gilmar Santos e Arilton Moura, apresentaram ao ministro para se intrometer no MEC foi a indicação de ninguém menos que o próprio presidente Jair Bolsonaro.

Com esse passe livre, segundo as acusações, cobravam propinas dos prefeitos em troca de encaminhar pedidos no ministério. O pagamento era feito em dinheiro, barras de ouro e até em compra de bíblias que Santos e Moura publicam.

Pelo menos um dos casos tem como prova as bíblias em que aparecem fotos dos dois pastores, do prefeito que pagou e do ex-ministro Milton Ribeiro. O Livro Sagrado foi transformado, sem a menor cerimônia, em mero panfleto eleitoral bancado com dinheiro sujo.

Segundo admitiu o presidente do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), Marcelo da Ponte, os dois pastores (penetras, estranhos ao serviço público, é bom lembrar) indicavam os prefeitos que deveriam ter prioridade na agenda e participavam regularmente das reuniões do órgão.

Um dos religiosos chegou até a insinuar ao chefão do FNDE uma troca de favores baseada no pagamento de propina. “Me ajuda que eu te ajudo”, teria dito Arilton Moura a Ponte, segundo o próprio servidor contou à Controladoria-Geral da União.

De onde veio o respaldo para que os dois pastores agissem com tamanha desenvoltura no MEC?

Resposta: da indicação do presidente Jair Bolsonaro, que pediu ao ministro que lhes desse prioridade, segundo admitiu o próprio Milton Ribeiro.

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Foto: Carolina Antunes/PR