Bolsonaro coloca assessor de Guedes nas Minas e Energia

Adolfo Sachsida é pesquisador do Ipea (Instituto de Pesquisa EconĂ´mica Aplicada), professor universitĂ¡rio e tem livros publicados em que defende uma linha liberal para a economia do paĂ­s

Publicado em: 11/05/2022 Ă s 07:45 | Atualizado em: 11/05/2022 Ă s 10:42

O presidente Jair Bolsonaro (PL) nomeou Adolfo Sachsida como novo ministro de Minas e Energia, no lugar de Bento Albuquerque, que foi exonerado a pedido, segundo consta na ediĂ§Ă£o do DiĂ¡rio Oficial da UniĂ£o desta quarta-feira (11).

A troca ocorre dias apĂ³s a PetrobrĂ¡s anunciar um novo reajuste no preço do diesel. Na Ăºltima segunda-feira (09), a companhia informou que o preço mĂ©dio do combustĂ­vel teria uma alta de 8,87% nas refinarias.

Com o aumento, o preço médio do combustível nas refinarias passou de R$ 4,51 para R$ 4,91 por litro —o repasse aos consumidores depende de políticas comerciais de distribuidoras e postos de combustíveis.

O reajuste era esperado pelo mercado, diante da escalada das cotações internacionais nas Ăºltimas semanas, mas desagradou o governo.

Bolsonaro, que pretende buscar a reeleiĂ§Ă£o neste ano, tem criticado a polĂ­tica de preços da PetrobrĂ¡s. Na quinta-feira (05), o presidente afirmou que o lucro de R$ 44,5 bilhões da companhia no primeiro trimestre deste ano é um “estupro” e um “absurdo”.

“PetrobrĂ¡s, estamos em guerra. PetrobrĂ¡s, nĂ£o aumente mais o preço dos combustĂ­veis. O lucro de vocĂªs Ă© um estupro, Ă© um absurdo. VocĂªs nĂ£o podem aumentar mais o preço do combustĂ­vel”, disse durante sua live semanal.

O novo reajuste deflagrou uma nova onda de pressões sobre o governo para o lançamento de medidas para conter o preço dos combustíveis em ano eleitoral.

Nos Ăºltimos dias, tĂ©cnicos do governo voltaram a discutir possĂ­veis soluções, entre elas o uso de dividendos pagos pela Petrobras Ă  UniĂ£o para atenuar a alta dos preços nas bombas, mas nĂ£o hĂ¡ ainda uma definiĂ§Ă£o.

O governo enfrenta uma sĂ©rie de restrições orçamentĂ¡rias para conseguir tirar qualquer medida do papel. De um lado, nĂ£o hĂ¡ espaço dentro do teto de gastos para mais essa despesa, a nĂ£o ser que haja cortes em outras Ă¡reas.

De outro, tĂ©cnicos nĂ£o veem justificativas para abrir um crĂ©dito extraordinĂ¡rio, que permitiria gastos fora do teto.

A equipe econômica também tem se posicionado contra um subsídio direto ao preço dos combustíveis por avaliar que a medida custaria caro e teria pouco efeito nas bombas.

Antes de ser ministro do MME, Sachsida era um dos principais auxiliares do ministro da Economia, Paulo Guedes, e participa das discussões econĂ´micas desde a equipe de transiĂ§Ă£o.

Defensor do ajuste fiscal, ele jĂ¡ foi secretĂ¡rio de PolĂ­tica EconĂ´mica e, mais recentemente, ocupava a chefia da Assessoria Especial de Estudos EconĂ´micos.

O novo ministro usou as redes sociais para agradecer Bolsonaro “pela confiança”, Paulo
Guedes “pelo apoio” e Albuquerque “pelo trabalho em prol do paĂ­s”.

“Com muito trabalho e dedicaĂ§Ă£o espero estar a altura desse que Ă© o maior desafio profissional de minha carreira. Com a graça de Deus vamos ajudar o Brasil”, escreveu.

Doutor em economia, Sachsida é pesquisador do Ipea (Instituto de Pesquisa EconĂ´mica Aplicada), professor universitĂ¡rio e tem livros publicados em que defende uma linha liberal para a economia do paĂ­s.

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Albuquerque, por sua vez, estava no comando do MME desde o inĂ­cio do atual governo, em 2019. Almirante da Marinha, ocupou diversos cargos importantes nas Forças Armadas antes de integrar a gestĂ£o de Bolsonaro.

Na Marinha desde 1973, ele foi diretor-geral de Desenvolvimento Nuclear e TecnolĂ³gico, secretĂ¡rio de CiĂªncia, Tecnologia e InovaĂ§Ă£o, alĂ©m de ter atuado no exterior como observador de tropas da ONU.

Esta Ă© a terceira vez em que hĂ¡ demissĂ£o no governo apĂ³s um aumento no preço dos combustĂ­veis. Nas outras duas oportunidades, a troca ocorreu no comando da Petrobras.

No inĂ­cio de 2021, Bolsonaro demitiu o economista Roberto Castello Branco da presidĂªncia da empresa em meio Ă  pressĂ£o por causa da polĂ­tica de preços da estatal. O general da reserva Joaquim Silva e Luna foi nomeado para substituĂ­-lo, mas acabou sendo destituĂ­do em março deste ano apĂ³s um mega-aumento no preço dos combustĂ­veis.

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Foto: Marcello Casal/AgĂªncia Brasil