Momentos depois do presidente Jair Bolsonaro assinar decreto reduzindo em 10% o Imposto de Importação (II), medida que fere profundamente a Zona Franca de Manaus (ZFM) e ameaça empregos, o ex-presidente Lula se manifestou em seu Twitter sobre a medida.
“A Zona Franca de Manaus é importante para a economia do Estado e do Brasil. As pessoas precisam de salário, de emprego. Eu me pergunto: se não existir a Zona Franca, onde essas pessoas vão trabalhar?”
Decreto prejudicial ao modelo
Após reduzir em 35% o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), o presidente Bolsonaro (PL) fez nova ofensiva, ainda mais ampla, contra a indústria nacional.
Desta vez, ele reduziu em 10% o Imposto de Importação (II) a pretexto de reduzir o preço dos produtos ao consumidor final.
Assim, elevou a redução a 30%, considerando que ele já havia feito um corte de 20% no ano passado. Pior: a nova redução chega com sinal de que poderá, até o fim do ano, ser ampliada a 40%.
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Na verdade, a decisão não é surpresa. Faz parte dos fundamentos ideológicos que alimentam o governo, que tem como principal expoente na economia do país o ministro Paulo Guedes.
Este, por exemplo, tornou-se inimigo da Zona Franca de Manaus (ZFM), por ser o modelo incentivado com verbas públicas, outra repulsa conservadora.
Desemprego
O problema é que, ao abrir o mercado nacional a produtos estrangeiros, o Brasil age como um exportador de empregos.
Ou seja: produtos fabricados com insumos nacionais e pela mão de obra brasileira, por exemplo, passarão ser feitos no exterior com insumos e trabalhadores de seus países.
Nesse caso, a China, principal escala industrial do mundo, passa a ser a grande beneficiada.
Nesse sentido, o Brasil segue rota contrária à vizinha Argentina, aos Estados Unidos, à Inglaterra e à Alemanha, que fecharam suas economias aos importados.
As medidas dos chefes dessas nações, entre elas três potências econômicas e industriais, foi proteger seus mercados e suas empresas.
Golpe na ZFM
No caso da Zona Franca de Manaus, a redução do II vai atingir sobretudo e imediatamente os produtos eletrônicos e os de duas rodas.
Para se ter ideia, os bens eletrônicos fabricados no Amazonas geram a metade do faturamento do Polo Industrial de Manaus (PIM) e empregam quase 50% dos postos de trabalho abertos na planta fabril do Estado.
Para lembrar, esses 50% são de um faturamento de R$ 150 bilhões e de 100 mil empregos diretos.
Já o polo de duas rodas, representa cerca de um terço do faturamento e dos empregos.
Além disso, a medida chega para o setor num momento em que está em alto crescimento.
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