Indigenista desaparecido planejou ação que destruiu 60 balsas ilegais

Entre 2014 e 2020, Bruno fez mais de cinquenta viagens pela Funai, sendo 12 delas para o município de Atalaia do Norte (AM), região onde desapareceu no último domingo

Amazônia: operação federal na fronteira apreende ouro, mercúrio e dragas

Diamantino Junior

Publicado em: 09/06/2022 às 15:48 | Atualizado em: 09/06/2022 às 15:48

Aos 41 anos de idade, o agente em indigenismo Bruno da Cunha Araújo Pereira, desaparecido no Vale do Javari junto com um jornalista britânico, tornou-se um dos homens mais odiados pelos garimpeiros que extraem ouro dos rios da Amazônia e poluem as nascentes na região.

Entre 2014 e 2020, Bruno fez mais de cinquenta viagens pela Funai, sendo 12 delas para o município de Atalaia do Norte (AM), região onde desapareceu no último domingo.

Em setembro de 2019, como coordenador-geral de índios isolados e recém-contatados da Funai, Bruno ajudou a elaborar um plano conjunto com a Polícia Federal para destruir balsas ilegais de garimpeiros que exploravam minérios em áreas próximas a índios isolados na Terra Indígena Vale do Javari, Amazônia.

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A Operação Korubo, como ficou conhecida a ação para atingir a infraestrutura dos garimpeiros, destruiu sessenta balsas flagradas na prática de garimpo ilegal. Após a operação, o Ministério Público Federal instaurou procedimento para identificar e punir os garimpeiros e alertou sobre a necessidade de um monitoramento constante na região.

Um mês depois da operação, em 4 de outubro de 2019, Bruno foi  exonerado da função de coordenador-geral de índios isolados.

Em março de 2020, o funcionário da Funai fundou uma empresa de consultoria, a Bruno Pereira Consultorias Socioambientais, cuja sede está registrada no endereço onde ele morou em Brasília. De acordo com a União das Organizações Indígenas do Vale do Javari (Unijava), o servidor vinha recebendo ameaças anônimas.

A foto do perfil de Bruno no WhatsApp (abaixo) é um registro aéreo da Amazônia ao entardecer, em meio a uma floresta escura, coberta de nuvens carregadas, na mesma região onde as equipes de busca agora tentam encontrá-lo.

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Foto: divulgação