PL dá início na Câmara à cruzada para derrubar decisões do STF 

O projeto de lei do deputado Domingos Sávio está em fase inicial e precisa de 171 assinaturas para começar a tramitar na Câmara

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Aguinaldo Rodrigues

Publicado em: 14/06/2022 às 17:20 | Atualizado em: 14/06/2022 às 17:20

O PL, o Partido Liberal de Jair Bolsonaro, dá início na Câmara dos Deputados a uma cruzada para quebrar o poder do Supremo Tribunal Federal (STF). 

A iniciativa é do deputado mineiro Domingos Sávio (foto). Ele busca apoio para protocolar proposta de emenda à Constituição (PEC) para dar ao Congresso o poder de derrubar decisões não unânimes do Supremo. 

De acordo com o UOL, o texto ainda está em fase inicial e precisa de 171 assinaturas para começar a tramitar de fato na Câmara.  

Caso consiga, ele deve ser analisado pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), depois por uma comissão especial e, então, ser aprovado em dois turnos pelo plenário da casa, antes de seguir para o Senado. 

Sávio afirma que o texto é uma iniciativa individual, proposta para “reestabelecer o equilíbrio entre os poderes”.  

“Eu tenho uma relação isenta com o Supremo e respeito os ministros, mas hoje há um ambiente de desarmonia”, diz o parlamentar sobre decisões da corte suprema da justiça.  

Membros da corte não acreditam que o texto tenha chance de prosperar, segundo apurou o UOL.

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O que diz o projeto  

A proposta de Sávio prevê a criação de um dispositivo no Legislativo com o poder de sustar as decisões da Justiça, assim como existem hoje os projetos de decreto legislativo, capazes de anular determinações do Executivo. 

Conforme a PEC de Sávio, uma proposta para sustar a decisão da Justiça precisaria da assinatura de 257 deputados e de 47 senadores para começar a tramitar — uma dificuldade maior do que a prevista para uma PEC, por exemplo.  

Depois das assinaturas coletadas, a proposta criada para sustar a decisão do Supremo precisaria ser votada e aprovada em dois turnos pelos plenários da Câmara e Senado.  

Para Luiz Fernando Casagrande Pereira, coordenador-geral da Abradep (Academia Brasileira de Direito Eleitoral e Político), a proposta de Sávio é “esdrúxula”. 

“Eu acho difícil prosperar, mas todas a entidades do mundo jurídico devem ficar atentas porque se passar uma proposta como essa, significa, revogar o modelo de democracia constitucional que temos no Brasil”, afirmou Pereira.

Para o diretor da Plataforma Justa, o advogado Cristiano Maronna, a PEC é inconstitucional. “Invade matéria reservada exclusivamente à jurisdição. Quem tem competência para determinar a ultrapassagem dos limites constitucionais é o Judiciário, não o Legislativo”, disse.

O líder do governo na Câmara, deputado Ricardo Barros (PP-PR), disse não conhecer o texto, embora apoiasse o princípio da proposta. Outros caciques partidários disseram não terem participado da elaboração da PEC. 

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Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados

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