Com gritos de “Fora Bolsonaro”, o cantor e compositor Nando Reis prestou homenagem ao indigenista Bruno Pereira e ao jornalista Dom Phillips, ambos assassinados no Vale do Javari, Amazonas.
O artista realizou um show na madrugada deste sábado (18), no Studio 5, situado no Distrito Industrial de Manaus.
No início do show, Nando Reis manifestou repúdio ao governo de Jair Bolsonaro, sobretudo, com relação ao descaso com a Amazônia.
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Diante disso, ele prestou homenagem ao indigenista e ao jornalista que foram vítimas de criminosos ambientais.
“Eu queria prestar apenas minha solidariedade e o meu apoio a todos os ativistas ao governo (de Jair Bolsonaro)”, declarou.
No Telão, ao centro do palco, foi mostrado um vídeo no qual Bruno Pereira cantava no meio da floresta um cântico na língua Kanamari, povo Indígena que vive na região do Vale do Javari. A letra da canção tem um forte cunho espiritual e religioso.
Veja o vídeo
Bolsonaro
O jornal francês Le Monde dedicou um editorial, publicado nesta segunda-feira (14), ao desaparecimento no Vale do Javari, do indigenista brasileiro Bruno Pereira e o jornalista inglês Dom Phillips.
O vespertino explica que esse episódio resume bem as diversas ameaças que enfrenta o “pulmão” do planeta e denuncia a visão “desenvolvimentista” do presidente Jair Bolsonaro.
Le Monde explica que o desaparecimento acontece em um local que concentra “todos os males da Amazônia”: o Vale do Javari, uma região ameaçada por caçadores e pescadores ilegais, garimpeiros, agricultura agressiva e até por missionários evangélicos “decididos a converter a qualquer preço os últimos representantes dos povos isolados”.
Sem esquecer o narcotráfico nessa parte do continente, que se tornou um centro por onde circula a cocaína vinda do Peru e da Colômbia com destino ao Brasil. Para o jornal, o Vale do Javari é “uma área de ilegalidade onde o crime prospera em todas as suas formas”.
“Essa situação crítica explica por que Phillips e Bruno Pereira, ambos experientes, correram o risco de ir até a região”, diz o vespertino. Nas palavras do jornal francês, os dois homens foram testemunhar a ameaça que paira sobre “esse paraíso perdido”.
Mas o editorial também fala da posição do presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, lembrando que a reação do chefe de Estado foi bastante lenta antes de, finalmente, mobilizar as forças armadas. Além disso, o texto ressalta que, para o líder brasileiro, a prioridade na região sempre foi a extração das riquezas.
“Ele nunca negou sua visão sobre uma região que deve ser explorada sem piedade, custe o que custar para seus nativos ou nosso futuro climático”, constata o jornal, que critica o estilo “desenvolvimentista” do chefe de Estado. “Desde que ele assumiu o cargo, o desmatamento e a extração de ouro explodiram, e a monocultura da soja, sinônimo de empobrecimento dramático da terra, está corroendo a floresta”, aponta o texto.
Foto: BNC AMAZONAS