Ensaio do Caprichoso no bumbódromo mostra a força do tema da ‘resistência’

Foi o reencontro emocionante da galera azulada com o palco do festival depois de dois anos suspenso

Ensaio do caprichoso lota o bumbódromo

Arnoldo Santos, especial para o BNC Amazonas

Publicado em: 22/06/2022 às 10:03 | Atualizado em: 22/06/2022 às 10:23

O bumbódromo de Parintins recebeu, novamente, a torcida apaixonada do boi Caprichoso em um reencontro emocionante com o palco do festival folclórico depois de dois anos sem ser realizado por causa da pandemia. Era um ensaio, mas deu pra ver a força do tema “Amazônia, nossa luta em poesia”com a narrativa de resistência dos povos indígenas e negros simbolizada pelo punho cerrado.

A noite desta terça-feira (21) teve movimentação de festival com filas de torcedores rodeando o bumbódromo, muita gente nas ruas ao redor do centro cultural em uma mostra do que devem ser as três noites de festa.

“O Festival de Parintins tem uma importância muito grande, só quem é daqui sabe a importância que esse festival tem. Não são três dias de festa, é toda uma cadeia que movimenta um grandioso espetáculo, que traz gente de todo lugar do mundo para cá”, afirmou Jender Lobato, presidente do Caprichoso.

Na arena, todo o staff cênico do Caprichoso, incluindo os itens individuais, bailarinos, a banda completa e a Marujada de Guerra. Que, por sinal, foi a primeira a emocionar com a entrada dos marujeiros de braços pra cima enquanto a galera, que lotava os dois lados do bumbódromo, ía ao êxtase coletivo.

O toada tema, “Amazônia, nossa luta em poesia” proporcionou um momento forte dentro do discurso de resistência cultural do Caprichoso.

“A gente aborda o tema dentro da arena, então eu acho muito importante levar essa bandeira pra fora da arena. Ficar à frente dessas lutas e mostrar pra sociedade, levar essa informação, que essa luta não é somente dos povos indígenas, mas de todos”, afirmou a cunhã-poranga do Caprichoso, Marciele Albuquerque.

Repertório de luta

Pelo roteiro apresentado neste ensaio, o Caprichoso vai bater forte no assunto resistência dos povos indígenas e dos negros. O repertório executado buscou toadas de vários anos passados, mas todos convergindo para o tema. “Espadas e clarins” (1998), “Em defesa deste chão” (2008), por exemplo, vão se juntar com as toadas deste ano.

Na execução das toadas, é explícita a inserção de elementos diferenciados dos outros anos. A começar na participação efetiva dos músicos nas cenas. Chama atenção ver os músicos dançando valsa em trecho da toada dedicada à sinhazinha, “Bela Valentina”.

Instrumentos de origem afro incrementam o geral e violas do típico repente nordestino poderão ser ouvidas também no bumbódromo. Mudanças estratégicas que fazem parte de uma proposta geral, como diz o coordenador musical do Caprichoso, o maestro parintinense Neil Armstrong.

“A responsabilidade é muito grande, estar à frente da banda junto com toda a equipe. Apesar de serem as mesmas linhas construtivas das toadas, a gente sempre acrescenta algum elemento pra que a gente tenha algo a mais nas toadas. Este é o que o Caprichoso se propõe este ano. Dar um algo a mais nas toadas, no (setor) musical, inclusive com músicos compondo cenas, ou seja, transformar num espetáculo mais musical. Isso a gente tem refletido nas toadas, como da (toada) da sinhazinha, nos versos do amo do boi, com viola caipira, viola de repente, guitarra nos rituais. São elementos musicais que acrescentamos nas toadas. E, se Deus quiser, vai culminar com o título”, explica Neil.

Ensaio Garantido

Na noite desta quarta-feira (22), é a vez do boi Garantido ir para o bumbódromo realizar o ensaio técnico. O tema “Nós, o povo de alma vermelha” também promete proporcionar momentos emocionantes na arena, pelo seu apelo de luta de resistência.

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