Correção do número de fugitivos expõe descontrole e crise

Aguinaldo Rodrigues

Publicado em: 13/01/2017 às 10:27 | Atualizado em: 13/01/2017 às 10:27

A retificação do número de presos fugitivos nesta quinta, dia 12, que elevou o número oficial em 41 nomes, desnuda a desconfiança que pairava sobre o controle eficiente da situação prisional por parte do estado.

Policial militar presente no Compaj no massacre do dia 1º revelou que o número de fugitivos era muito além dos inicialmente 184 divulgados. E ultrapassaria também os 225 admitidos agora pelo sistema estatal.

Sem ter como provar, mas baseado em falas de próprio administrador dos presídios logo após o massacre, a sociedade também se permitiu desconfiar que o número de mortos no episódio é para além dos 56 apresentados como vítimas oficiais.

Tanto que dias depois apareceram mais três corpos no entorno do Compaj, nas matas onde possivelmente outros tombaram na troca de tiros com a polícia, e por lá mesmo ficaram.

A recontagem também pode estar revelando uma crise dentro do sistema de segurança, que abarca a questão prisional: a Polícia Militar não estaria sendo cooperativa com o secretário de Administração Penitenciária (Seap), Pedro Florêncio (foto).

Aliás, ele mesmo se queixa dessa falta de apoio em áudio que circulou na imprensa e em redes sociais. E em resposta, suposto policial militar também gravou mensagem para tratar o secretário de forma desrespeitosa e mandar que ele “se vire” com os presos.

Coincidência ou não, o reajuste do número de fugitivos só veio a acontecer dois dias depois da chegada dos homens da Força Nacional para apoiar o sistema estadual.

 

Foto: BNC