O presidente Jair Bolsonaro (PL) revelou que ameaçou transferir um médico militar caso o profissional de saúde não lhe tivesse prescrito o kit covid-19, na época em que ele apresentou sintomas da doença.
O presidente não citou os nomes cloroquina ou ivermectina, medicamentos comprovadamente ineficazes contra a covid, mas defendido por ele em vários discursos.
Em entrevista ao “Canal Hipócritas”, Bolsonaro disse que quando sentiu que estava com sintomas do coronavírus, chamou um médico do Exército para lhe atender, e o profissional recomendou fazer teste de covid.
No entanto, o mandatário contou que pediu o medicamento para fazer uso, sem especificar qual deles, ou, “democraticamente”, iria transferir o médico “para a fronteira”.
“Eu mesmo quando senti o problema, chamei o médico, falei: ‘acho que estou com sintomas’. Ele falou: ‘está com todos os sintomas, vamos fazer o teste’. Falei: ‘me traz aquele remédio’. [Ele disse:] ‘não, não, não’. Eu falei: ‘traga o remédio porque o exame só vai sair o resultado amanhã e pode ser tarde demais. [O médico disse:] ‘ah, mas os protocolos nossos’… Falei: ‘traz o remédio ou te transfiro para a fronteira agora, democraticamente. Tomei, no outro dia estava bom”, declarou o presidente aos risos.
Na entrevista, Jair Bolsonaro afirmou que o profissional de saúde “perdeu a autonomia” durante a pandemia e que, dada aquela situação, em que “você pegou algo que ninguém sabe o que é, [o médico] tem que tentar uma alternativa em comum acordo contigo, [mas] acabaram a autonomia do médico no Brasil”.
Segundo o mandatário, ele foi contra um protocolo sanitário instituído pelo então ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, que recomendava a ida ao hospital em caso de sintomas da doença.
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Foto: Carolina Antunes/PR