Demora da vacina da covid no Brasil fez crianças ‘pagarem com a vida’
Crianças entre 5 e 11 anos de idade foram as maiores vítimas

Ferreira Gabriel
Publicado em: 11/07/2022 às 12:42 | Atualizado em: 11/07/2022 às 12:57
O atraso da vacinação contra Covid-19 de crianças no Brasil causou aumento da mortalidade 74% da doença.
A faixa etária do público entre 5 e 11 anos foi a mais afetada, e o percentual é maior em comparação com o pior período da pandemia no país no ano passado. Os dados são da pesquisa da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) divulgada na sexta-feira (8).
Entre os menores de cinco anos, que ainda não contam com vacinas disponíveis, os números são piores. Na faixa entre dois e quatro anos, as mortes aumentaram 82%. Entre bebês de zero a um ano de idade, os óbitos avançaram 54%.
“Os menores de 12 anos pagaram com a própria vida pela letargia e negacionismo do governo. O mesmo segue acontecendo com os menores de cinco anos que até hoje estão sem vacinas contra a covid-19”, afirmou à RBA o epidemiologista da Fiocruz Amazônia Jesem Orellana, que participou do estudo. Somente a partir de 6 de janeiro deste ano, o Ministério da Saúde incluiu as crianças de cinco a 11 anos no esquema de vacinação.
Por outro lado, a pesquisa apresenta que durante o auge da terceira onda da pandemia, no início deste ano, houve redução de 40% no óbitos por covid-19 em adolescentes entre 12 e 17 anos que tomaram duas doses das vacinas.
“Falácia negacionista”
O levantamento analisou dois períodos específicos. Primeiramente, quando o país enfrentou o pico da variante gama, em meio à segunda onda, entre os dias 14 de março a 3 de abril de 2021. E depois, durante o período mais crítico da onda ômicron, entre 23 de janeiro e 12 de fevereiro de 2022. Também participaram do estudo pesquisadores do Instituto Leônidas & Maria Deane (ILMD/Fiocruz Amazônia), da Universidade do Estado do Amazonas (UEA) e da Universidade Federal de Pelotas (UFPel).
“De forma geral, os adolescentes entre 12 e 17 anos estavam protegidos pela vacina. Em que pese a absurda fala do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, no segundo semestre de 2021, criticando o que chamou de ‘campanha antecipada’ dos estados, sob a falaciosa argumentação de que à época existiriam ‘eventos adversos a serem investigados’”, analisou o especialista.
“O tempo mostrou que não passava de falácia negacionista“.
Leia mais no site da Rede Brasil Atual
Leia mais
Amazonas está entre os estados em alta de mortes pela covid
Foto: Breno Esaki/Agência Saúde DF