Bolsonaro mente sobre mortes no Amazonas e é denunciado no exterior

O governo federal omitiu o trabalho de indígenas nas buscas iniciais por Bruno Pereira e Dom Phillips

Publicado em: 01/08/2022 às 16:56 | Atualizado em: 01/08/2022 às 16:56

O governo de Jair Bolsonaro respondeu à decisão da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) que concedeu medidas cautelares diante da morte de Bruno Pereira e Dom Phillips, no Amazonas, em junho.

Em uma resposta enviada pelo Brasil ao órgão internacional, o governo omitiu o trabalho de indígenas nas buscas iniciais pelos dois homens e ignorou o fato de que o ex-servidor da Funai estava sendo alvo de ameaças.

A atitude do Executivo abriu uma nova denúncia contra o Brasil, já que representantes da sociedade civil alegam que tal gesto do governo poderia ser caracterizado como um descumprimento da decisão do órgão internacional.

O grupo que lidera o processo é composto por entidades como Artigo 19 Brasil e América do Sul, União dos Povos Indígenas do Vale do Javari, Observatório Direitos Humanos dos Povos Indígenas Isolados e de Recente Contato (OPI), dos o Instituto Vladimir Herzog, Alianza Regional por la Libre Expresión e Información, Repórteres sem Fronteiras, a Associação Brasileira De Jornalismo Investigativo, a Associação de Jornalismo Digital e o Washington Brazil Office.

Em 11 de junho, a CIDH concedeu medida cautelar no caso, determinando que o Estado brasileiro redobrasse seus esforços de busca pelas vítimas e garantisse a plena investigação dos fatos, implementando ações de não repetição das violações de direitos humanos constatadas.

O governo brasileiro, entretanto, respondeu à Comissão sugerindo que o caso estaria concluído com a localização dos corpos e a confirmação das mortes.

“O estado brasileiro ressalta a seriedade com que foram realizados esforços com vistas à identificação do paradeiro dos senhores Bruno Pereira e Dom Phillips, enfatizando a atuação da Secretaria de Segurança Pública do Estado do Amazonas, além dos órgãos vinculados ao governo federal”, disse.

“Ademais, nota-se que as devidas ações foram adotadas a fim de investigar os fatos que deram origem à medida cautelar em apreço”, afirma. “Neste sentido, destaca-se a existência de políticas públicas específicas com o objetivo de assegurar a pronta intervenção em casos de desaparecimento de pessoas, com vistas a oferecer respostas sobre seu paradeiro a seus familiares, atenuando seu sofrimento”, disse.

Num documento enviado ao órgão, o Executivo insistiu que “todos os esforços foram empreendidos para a localização dos desaparecidos”.

“Quanto às ações adotadas para investigar os fatos, reitera-se que as forças de segurança pública fizeram todos os esforços cabíveis para que os beneficiários das medidas cautelares em questão fossem localizados”, afirmou.

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