Os presidenciáveis Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Ciro Gomes (PDT) receberam dos cientistas da l da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) o documento “Projeto para um Brasil Novo” no qual acusam o desmantelamento dos três principais centros de pesquisas federais da Amazônia.
São eles: o Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia (Inpa ), Museu Paraense Emílio Goeldi e o Instituto Mamirauá.
Os dois candidatos estiveram na 74ª Reunião Anual da SBPC, no Campus Darcy Ribeiro da Universidade de Brasília (UnB), que terminou na última sexta-feira (29). O presidente Jair Boilsonaro (PL) recusou o convite.
O documento, que traz propostas de políticas públicas em diferentes setores para a próxima gestão, dá um destaque especial para a questão da Amazônia e sua importância para o desenvolvimento sustentável do país.
“Os principais institutos federais de pesquisas na Amazônia (INPA, MPEG, Mamirauá) foram desmantelados ao longo dos últimos anos, com fortes cortes no orçamento que impedem seu funcionamento regular, adicionado à falta de renovação de pessoal técnico-científico”, acusa a entidade num documento de 110 páginas.
De acordo com os cientistas, as universidades federais da região amazônica sofrem com os mesmos problemas dos institutos de pesquisa. “Estão sem recursos para desenvolver uma agenda de sustentabilidade na região”, diz a SBPC.
O mesmo ocorre também com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) que tem sido sistematicamente atacado e com seu orçamento “fortemente reduzido”.
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Pós-graduação
A SBPC alerta aos presidenciáveis que é preciso maior consciência dos desafios da pós-graduação na Amazônia, diante da realidade em que o único caminho possível para a região é a capacitação de pessoal, sobretudo local, produzindo informação robusta que resulte na inclusão social e na geração de renda.
“A ONU alerta que a produção de alimento está ameaçada pela perda da biodiversidade, não só no Brasil, mas no mundo como um todo. E a Amazônia representa um ambiente muito importante para isso. Como produzir alimento na Amazônia, com falta de informações e de pessoal graduado?”.
“Rios voadores”
Além disso, os pesquisadores destacam no documento a importância dos serviços ecossistêmicos que a florestas amazônica fornece ao país como transporte de vapor de água da Amazônia para o Brasil central e sudeste.
“Parcela significativa da chuva nestas regiões é associada ao transporte de vapor de água pela Amazônia, através dos chamados rios voadores”, lembram.
Contudo, com o agravamento das mudanças no clima, o Brasil já está se tornando mais seco na região central e no leste da Amazônia, e com o aumento dos eventos climáticos extremos (grandes secas ou chuvas intensas), a agricultura brasileira poderá ter forte impacto em sua produtividade.
Com base no Painel Científico para a Amazônia, a entidade resumiu as medidas necessárias para Amazônia: zerar todo o desmatamento, degradação e fogo em toda a floresta até 2030; aplicar políticas amplas de restauração, reflorestamento e regeneração do sul da Amazônia; e a necessidade de criação de uma nova bioeconomia na região, com a manutenção das florestas em pé.
“Temos que sair de atividades focadas na criminalidade, invasões ilegais de terras públicas e indígena se incentivo ao garimpo ilegal, e construir uma biossocioeconomia que possa beneficiar os 20 milhões de brasileiros que vivem na Amazônia, bem como todo o país”.
Foto: Reprodução