O caso sobre a morte de uma grávida em Manaus após nebulização com cloroquina foi arquivado pela juíza Careen Aguiar Fernandes. A magistrada do Juízo da Central de Inquéritos Manaus, acolheu pedido do Ministério Público Amazonas para o arquivamento.
O processo tinha como alvo o casal de médicos Michele Chechter e Gustavo Maximiliano Dutra da Silva por suposto homicídio culposo.
Em fevereiro de 2021, durante a segunda onda da covid-19 no Amazonas, Michele Chechter submeteu grávidas com a doença, que estavam internadas no Instituto da Mulher e Maternidade Dona Lindú, à nebulização de hidroxicloroquina – tratamento ineficaz, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). Uma das pacientes, Julcicleia de Sousa Lira, faleceu, o que ensejou a apuração no âmbito criminal.
Segundo informou a Secretaria de Estado de Saúde do Amazonas (SES-AM) à época, Michelle Chechter atuou no hospital Dona Lindu por oito dias por meio de parceria com a Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB).
A pasta registrou que o tratamento não fazia parte dos protocolos da rede de saúde do Estado.
O procedimento foi gravado e o vídeo circulou no YouTube. Pouco depois de a gravação tomar as redes sociais, o presidente Jair Bolsonaro patrocinou o tratamento.
À época, Estadão mostrou que, segundo especialistas, a prática poderia trazer ainda mais riscos de efeitos colaterais para os pacientes porque não há previsão de administração do medicamento por inalação. No Rio Grande do Sul, três pacientes morreram após passarem pela nebulização com cloroquina.
No despacho de arquivamento do inquérito criminal, a juíza Careen Aguiar Fernandes indicou que a Promotoria apontou ‘falta de justa causa para o prosseguimento’ da apuração sob o argumento de que ‘os elementos produzidos nos autos não são suficientes para apontar, sem sombra de dúvida, a autoria do crime’.
Segundo a juíza, as provas colhidas no âmbito da investigação ‘não autoriza, por ora, a propositura da ação penal’.
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Foto: EBC