O Ministério da Defesa deixou de atender um pedido da Polícia Federal para que as Forças Armadas auxiliassem, no fim de julho, uma complexa ação de retirada de invasores e gado de uma terra indígena no Pará.
O pedido ao ministério foi por auxílio na logística da operação, com a montagem de alojamentos provisórios e leitos para os agentes da PF e da Força Nacional de Segurança Pública, vinculada ao Ministério da Justiça e Segurança Pública.
Houve inclusive a proposta de que a Defesa seria ressarcida, por meio de um remanejamento orçamentário, mas não houve colaboração por parte dos militares até agora, segundo fontes a par da operação feita na região de São Félix do Xingu (PA), a cerca de 1.000 quilômetros de Belém.
Em nota, o Ministério da Defesa disse ter informado a PF sobre “possibilidade de apoio em data posterior”. A pasta afirmou levar em conta a disponibilidade de recursos financeiros e a “necessidade das medidas de preparação adequadas, por se tratar de local isolado sem qualquer estrutura de suporte”.”No mesmo período de apoio solicitado pela PF, as Forças Armadas se encontram auxiliando a Secretaria de Operações Integradas, do Ministério da Justiça, em ações na terra indígena yanomami, em Roraima. Atuam também em apoio à operação Guardiões do Bioma, em Humaitá, no Amazonas”, cita a nota.A ausência das Forças Armadas em operações do tipo, apesar dos pedidos por ajuda em logística, passou a ser constante, especialmente o fornecimento de aeronaves para sobrevoos e acessos a áreas de garimpo ilegal.Investigadores que cuidam de inquéritos sobre extração de ouro em terras indígenas afirmam que as Forças Armadas se recusam a fornecer aeronaves para ações que tentam coibir o avanço da estrutura logística mantida por quem explora a atividade ilegal.
Um exemplo disso são ações na terra yanomami, em Roraima, onde 20 mil pessoas, pela estimativa de associações indígenas, exploram garimpos ilegais sustentados por donos de aeronaves e máquinas. Já houve recusas dos militares em fornecer aeronaves para ações de fiscalização. O helicóptero usado pela PF fica em Manaus, a 600 km do território.A operação no Pará, para retirada de cerca de mil posseiros e de 700 a mil cabeças de gado atribuídas a grileiros, é conduzida pela PF desde o último dia 24. A ação ainda prossegue, diante das dificuldades na retirada das pessoas e dos animais da terra Trincheira/Bacajá, onde vivem indígenas das etnias kayapó e xikrin.A desintrusão ocorre a partir de uma ação em curso no STF (Supremo Tribunal Federal). A ação pede a retirada de invasores em sete territórios: Yanomami, Karipuna, Uru-Eu-Wau-Wau, Arariboia, Mundurucu, Kayapó e Trincheira/Bacajá. O processo é relatado pelo ministro Luís Roberto Barroso, que já deu decisões favoráveis.
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