Lábrea e Apuí no Amazonas são campeões de desmatamento em 2022
Os dados do sistema Deter, do Inpe, revelam que desflorestamento da Amazônia Legal foi de 7,1% em sete meses, o maior em seis anos. Acumulado chega a 5.463 km²

Antônio Paulo, do BNC Amazonas em Brasília
Publicado em: 08/08/2022 às 19:15 | Atualizado em: 13/06/2023 às 17:42
Os dois municípios que mais desmataram a Amazônia Legal, nos primeiros sete meses de 2022, são do estado do Amazonas: Lábrea, com 571 km2 e Apuí, com 566,4 km2.
Em toda a região, o acumulado entre janeiro e julho deste ano foi de 5.463,2 km2. Isso representa um aumento de 7,1% em relação ao mesmo período em 2021.
Embora o Ministério do Meio Ambiente tenha divulgado nesta segunda-feira (8) que o Ibama atingiu 100% da meta de combate ao desflorestamento na Amazônia Legal, o sistema Deter, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) diz o contrário.
O Pará e Amazonas foram os dois estados da Região Norte que tiveram os maiores registros de desmatamento nos primeiros sete meses de 2022.
Leia mais
Desmatamento recorde na Amazônia, mas Ibama bate metas
No território paraense, foram 3.070 km2 e no amazonense, 2.288,7 km2, somando 62,5% do desmatamento total da Amazônia Legal.
Os cinco municípios que mais desmataram no período representam 28,4% do total desmatado na Amazônia Legal, com 2.440,2 km2 de vegetação nativa destruídos.
As duas áreas de proteção com maior desmatamento registrado são do Pará: a Floresta Nacional do Jamanxim (87,4 km2) e a Área de Proteção Ambiental do Tapajós (85,3 km2).
Ano-Deter
O desmatamento acumulado em 2022 foi três vezes maior que o registrado em 2017, quando foram destruídos 1.790 km2. Desde então, o valor não parou de aumentar ano a ano.
Considerando o ano-Deter, de agosto de 2021 a julho de 2022, o acumulado de alertas de desmatamento foi de 8.579,3 km2.
Apesar de representar uma redução de 2,3% em relação ao mesmo período do ano anterior (8.780 km2), o valor continua no alto patamar dos dois anos anteriores – e é o terceiro pior ano desde o lançamento do Deter-B, em 2015.
Aquecimento global
“A Amazônia é patrimônio de todos os brasileiros: é ela que garante as chuvas que regam 90% das lavouras, abastecem os reservatórios de água potável e os que geram hidroeletricidade no Brasil e em outros países da América do Sul, afirma o diretor de Conservação e Restauração do WWF-Brasil, Edegar de Oliveira.
Segundo ele, a floresta e a região estão sob pressão do aquecimento global e perigosamente perto do ponto a partir do qual elas entram em processo de degradação sem volta.
“Quando isso acontecer, todo o país ficará mais seco e mais exposto às crises hídrica, energética e até alimentar, com inflação de alimentos, como já começamos a ver. Cada hectare desmatado nos coloca mais perto desse cenário e é por isso que não podemos admitir que números como estes, que o Deter acaba de divulgar, se repitam”, alerta o diretor do WWF-Brasil.
Desmatamento Cerrado
O Cerrado teve 4.091,6 km2 desmatados entre o início de janeiro e o fim de julho, de acordo com o Sistema Deter, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
O valor representa um aumento de 28,2% em relação aos sete primeiros meses do ano passado e é o maior valor acumulado para o período nos últimos quatro anos.
O desmatamento desde o início do ano até 29 de julho foi 50% maior que no mesmo período em 2020, quando atingiu 2.726,1 km2. Desde então, o valor acumulado nos sete primeiros meses do ano não parou de aumentar.
Com o fim do ano-Deter (agosto/21 a julho/22), nesse período, o desmatamento do Cerrado atingiu 5.426,4 km2, um aumento de 11,5% em comparação ao mesmo período no ano passado (4.866,6 km2) e de 38,3% em relação ao ano anterior (3.921,6 km2).
Matopiba
Os estados que mais desmataram no período correspondem ao Matopiba – região que é considerada a principal fronteira de expansão agrícola no Brasil atualmente: Maranhão (1.255,5 km2), Bahia (1.232,0 km2), Tocantins (876,7 km2) e Piauí (691,5 km2).
Com mais de 4 mil km2 desmatados, o Matopiba respondeu por três quartos de toda a devastação no bioma.
Entre os cinco municípios que mais desmataram na região, quatro são da Bahia. Formosa do Rio Preto (BA) lidera o ranking com 283 km2 de vegetação nativa perdida, sendo 99% dessa superfície na Área de Proteção Ambiental (APA) do Rio Preto.
Foto: Agência Brasil