Grupo Prerrogativas recorre ao TSE contra campanha difamatĂ³ria

Eles estĂ£o reunindo fotografias feitas por todo o paĂ­s de peças publicitĂ¡rias idĂªnticas para provar que se trata de uma iniciativa centralizada e coordenada por bolsonaristas

Publicado em: 16/08/2022 Ă s 14:31 | Atualizado em: 16/08/2022 Ă s 15:33

grupo Prerrogativas, que reĂºne advogados e juristas, vai fazer uma representaĂ§Ă£o para que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) tome providĂªncias sobre a instalaĂ§Ă£o de outdoors por todo o paĂ­s que ligam a esquerda a bandido e ao aborto, entre outras difamações.

Eles estĂ£o reunindo fotografias feitas por todo o paĂ­s de peças publicitĂ¡rias idĂªnticas para provar que se trata de uma iniciativa centralizada e coordenada por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL), e nĂ£o apenas manifestações isoladas e espontĂ¢neas.

Os outdoors, fotografados em locais como GoiĂ¡s e na regiĂ£o de RibeirĂ£o Preto, em SP, por exemplo, mostram a imagem de Lula (PT) carrancudo em contraponto a uma foto de Jair Bolsonaro sorrindo de forma suave.

Entre as duas imagens, palavras que fazem um contraponto entre os dois, de forma negativa e “fraudulenta” contra o petista, segundo os advogados.

Assim, a palavra “aborto” estĂ¡ ao lado de Lula, em contraponto a “vida” no lado de Bolsonaro. E assim por diante, contrapondo “bandido solto” a “bandido preso”, “povo desarmado” a “povo armado” e “censura” a “liberdade”.

A mesma peça difamatĂ³ria foi instalada em painĂ©is gigantes em prĂ©dios de pontos movimentados de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. A Justiça gaĂºcha jĂ¡ determinou a retirada da publicidade polĂ­tica, reconhecendo seu “viĂ©s eleitoral”.

“Nesse momento, varre o paĂ­s uma onda de fake news espalhadas massivamente com clara coordenaĂ§Ă£o central”, diz em nota o grupo Prerrogativas.

Os advogados defendem uma investigaĂ§Ă£o para que se descubra quem financia as peças caluniosas.

“O paĂ­s tambĂ©m se encontra tomado de outdoors —mĂ­dia que Ă© banida do processo eleitoral e que nĂ£o pode ser utilizada em perĂ­odo de prĂ©-campanha quando veicula qualquer tipo de conteĂºdo eleitoral (art. 3º-A da Res. TSE nº 23.610)— que fazem apologia a Jair Bolsonaro. É mais uma vez expressĂ£o do dinheiro em campanhas que, por estar em desacordo com as regras eleitorais, compromete a igualdade de chances entre os contendores da disputa eleitoral e denota a ocorrĂªncia de abuso de poder”, afirma ainda o texto.

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“AlĂ©m do uso da mĂ¡quina pĂºblica, o projeto de poder bolsonarista mais uma vez se vale das tĂ©cnicas de comunicaĂ§Ă£o que o conduziram Ă  vitĂ³ria em 2018, difundindo jĂ¡ nesse momento embrionĂ¡rio do processo eleitoral uma polĂ­tica de comunicaĂ§Ă£o centralizada e coordenada que se serve de notĂ­cias fraudulentas e desinformaĂ§Ă£o, turvando tambĂ©m com isso o cenĂ¡rio de isonomia de processos eleitorais”, segue o texto.

Os advogados fazem referĂªncia tambĂ©m a ataques contra Lula e a mulher dele, a sociĂ³loga RosĂ¢ngela da Silva, a Janja, com tons de intolerĂ¢ncia religiosa.

“SĂ£o pĂºblicas as ameaças das hostes bolsonaristas de, cultivando o Ă³dio, patrocinar discurso de intolerĂ¢ncia religiosa contra Lula e Janja. Em grupos mantidos em aplicativos de mensageria, grassam conteĂºdos ofensivos contra todo aquele que se apresente com um opositor das pretensões do Presidente candidato Ă  reeleiĂ§Ă£o”, diz o Prerrogativas.

“O TSE, apĂ³s as eleições de 2018, sinalizou que abusos que importem na ruptura da normalidade da dinĂ¢mica comunicacional nĂ£o seria mais tolerado. Anotou-se o repĂºdio Ă s fake news, aos disparos em massa e Ă s mensagens com discurso de Ă³dio e, ao mesmo tempo, indicou-se a tolerĂ¢ncia zero com tais prĂ¡ticas para as eleições de 2022“, relembra o texto.

Nesta terça (16), o tribunal passarĂ¡ a ser presidido pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

Ele substitui o ministro Edson Fachin, que ocupou atĂ© agora o cargo.

O magistrado jĂ¡ sinalizou, em diversas ocasiões, que a corte nĂ£o pretende tolerar a disseminaĂ§Ă£o de fake news que possam conturbar o processo eleitoral.

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Foto: reproduĂ§Ă£o/Grupo Prerrogativas