A pesquisa intitulada “Kumuã na kahtiroti-ukuse: uma “teoria” sobre o corpo e o conhecimento prático dos especialistas indígenas do Alto Rio Negro” , do antropólogo amazonense João Paulo Lima Barreto, primeiro indígena titulado doutor pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM), foi escolhida como melhor tese de doutorado, na área de antropologia/arqueologia, defendida no Brasil no ano de 2021.
O trabalho de Barreto foi escolhido entre os melhores das 49 áreas de produção científica reconhecidas pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e foi anunciado na lista de vencedores da 17ª edição do Prêmio CAPES de Tese.
Natural de São Gabriel da Cachoeira, nascido na aldeia São Domingos, da etnia tukano, João Paulo lançou o livro gerado de sua tese em julho deste ano . O pesquisador faz parte do Núcleo de Estudos da Amazônia Indígena (NEAI), ligado ao departamento de Antropologia da UFAM.
O trabalho de João Paulo formalizado na tese fala do tratamento do corpo de acordo com a cosmologia tukano. O livro percorre o caminho inverso da tradição científica, que teve no homem não indígena a prática comum de explicar a cultura dos indígenas. Agora, é um nativo que apresenta a sua própria cultura sob as formas científicas exigidas e consagradas pela academia. Um trunfo considerável de Barreto.
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Premiação nacional
A lista das 49 teses premiadas em suas respectivas áreas de conhecimento está publicada no Diário Oficial da União e traz também a relação dos 96 pesquisadores que receberão menções honrosas, além dos orientadores dos vencedores.
A edição deste ano do prêmio recebeu 1.266 inscrições. A avaliação para selecionar os vencedores leva em conta a originalidade, o caráter inovador e a relevância das teses para o desenvolvimento científico, tecnológico, cultural e social do País. Também são consideradas a qualidade e quantidade de publicações decorrentes da pesquisa, bem como a metodologia utilizada, a qualidade da redação e a estrutura e organização do texto. A premiação acontece em dezembro.
A CAPES publicou também a vencedora do prêmio entregue em parceria com a Dimensions Sciences , voltado às mulheres que atuam na área de Biotecnologia. A melhor tese foi a da pesquisadora Mara Thaís de Oliveira Silva, da Universidade Federal de Pelotas (UFPel).
Bolsa para vencedores
Os autores das teses selecionadas receberão bolsa de até um ano para estágio pós-doutoral em instituição nacional, certificado e medalha. Seu orientador ganhará um prêmio no valor de até R$3 mil, além de certificado que também será oferecido aos coorientadores e ao programa de pós-graduação no qual o trabalho foi defendido.
Cada orientador vai receber premiação de R$9 mil, para participar de congresso internacional e certificado de premiação que também será entregue aos coorientadores e ao Programa. Parceiras da CAPES, a Fundação Carlos Chagas e a Dimensions Sciences oferecem prêmios adicionais.