Onda de fake news continua avassaladora nas eleições desse ano
Para especialista, um dos grandes culpados é a existência de um "fundo eleitoral" que financia essas ações

Publicado em: 25/08/2022 às 11:54 | Atualizado em: 25/08/2022 às 11:56
O Brasil está perdendo a guerra contra as fake news por causa da existência de um “fundo eleitoral” que financia o disparo em massa de mensagens falsas nas redes sociais, segundo Fabro Steibel, diretor-executivo do ITS-Rio (Instituto de Tecnologia e Sociedade).
Uma mensagem sobre uma suposta tentativa de impugnar a chapa de Jair Bolsonaro (PL) e citando pesquisa “interna não falsa” que mostra o ex-presidente Lula (PT) com apenas 17% da intenção dos votos foi enviada mais de 92 mil vezes em grupos de WhatsApp em 20 dias, de acordo com a Folha de S. Paulo. Para Steibel, ações como essa vão além do conteúdo da mensagem em si e revelam um padrão.
“Não é o crime do ‘tio do zap’ ou um crime de pensamento. A suspeita é de que haja uma campanha que financia essa distribuição massiva de mensagens”, disse, em entrevista ao UOL News.
O especialista afirmou que o uso de fake news com fins eleitorais é um fenômeno internacional, pois se criou um mercado que se retroalimenta. “[São] políticos e veículos que falam com um nicho e anúncios que lucram com isso”, disse Steibel.
Leia mais
TRE-AM determina que Amazonino exclua fake news contra Wilson Lima
“Estamos perdendo a guerra porque temos que atacar em três frentes: as plataformas, os políticos e os meios de comunicação que fazem uma audiência com desinformação”, acrescentou.
Steibel ainda falou sobre a ordem do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) para que Google, Facebook e a TV Brasil retirem do ar vídeos da reunião com embaixadores estrangeiros em que Bolsonaro afirmou, sem apresentar provas, que os ministros da Corte Eleitoral buscam eleger políticos de esquerda ao supostamente impedirem que medidas de transparência sobre o sistema de votação eletrônico sejam adotadas.
“Tecnicamente, é difícil de apagar todos os vídeos. Como tem dinheiro sendo colocado, eles vão alterar [as imagens] o suficiente para o algoritmo não pegar. Eu diria que é impossível [remover o vídeo das redes sociais]”, disse o especialista.
“Por isso, falamos que o segredo dessa decisão não é o vídeo, mas quem financiou essa promoção porque custa dinheiro. Pode ter um pouco de amadorismo, mas tem dinheiro”, acrescentou.
O colunista do UOL Josias de Souza também repercutiu a matéria da Folha de S. Paulo sobre os disparos em massa de fake news no WhatsApp.
“Há um Brasil paralelo nos fundões do WhatsApp. Lá, Bolsonaro disparou nas pesquisas com 45 pontos de vantagem sobre o seu principal rival. Mas os vilões Fachin, Barroso e ‘Xandão’, sob a influência do Lula, Zé Dirceu e do PCC, estão tramando em impugnar a chapa do Bolsonaro”, disse o jornalista.
“Esse Brasil bolsonarista do WhatsApp não é novo. Estamos diante do mesmo conto do vigário de 2018 com ajustes no enredo. Mas se mantém inalterado o propósito de ludibriar o eleitorado. A diferença é que agora o jornalismo está invadindo o território da mentira antes da abertura das urnas”, afirmou.
Leia mais UOL
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil