A alta comissária da ONU (Organização das Nações Unidas), Michelle Bachelet, alerta que Jair Bolsonaro (PL) precisa garantir a democracia, e seus ataques contra o Judiciário, urnas e democracia preocupam.
Bachelet se disse alarmada com o fato de o brasileiro ter convocado seus apoiadores para manifestações no dia 7 de setembro.
Nesta quinta-feira (25), em sua última coletiva de imprensa antes de deixar seu cargo nas Nações Unidas, ela citou a situação brasileira e fez uma avaliação da situação dos direitos humanos no país nos últimos quatro anos e, em especial, a ofensiva do presidente brasileiro.
As declarações de Bachelet são as mais duras já feitas por uma liderança internacional contra o comportamento do presidente brasileiro, expondo o que, por meses, era a percepção internacional sobre Bolsonaro e seus ataques contra a democracia.
“Acho que existem muitas situações muito difíceis no Brasil agora sobre direitos humanos. Não só agora. Mas estou seriamente preocupada como informes de aumento da violência política, a manutenção do racismo estrutural e o encolhimento de espaço cívico”, disse.
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De acordo com ela, a ONU irá acompanhar de perto os impactos em direitos humanos e o impacto sobre as liberdades fundamentais no processo da eleição e de seus desdobramentos após a votação.
No entanto, sua preocupação é, em especial, por conta do discurso de ódio e ataques contra candidatos e legisladores, especialmente contra minorias.
“Ataques contra parlamentares e candidatos, especialmente os afrobrasileiros, LGBTI e mulheres, preocupam”, alegou.
Ela lembrou como uma recente visita de um relator da ONU ao Brasil já acenou para tais ameaças e que tal cenário seria um obstáculo para a democracia e a participação civil.
Bachelet, porém, destinou longos minutos a tecer duras críticas contra o presidente brasileiro. “Bolsonaro intensificou seus ataques ao Judiciário e ao sistema de votos eletrônicos, inclusive em reuniões com embaixadores (estrangeiros) em julho e que gerou forte reação”, alertou.
“O que é mais preocupante é que ele chamou seus apoiadores para manifestar contra as instituições do Judiciário no dia 7 de setembro”, afirmou.
Segundo ela, isso levou a oposição a adiar a manifestação que estava sendo programa para o mesmo dia, para evitar violência.
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Foto: Antônio Cruz/Agência Brasil