Senadores de CPI elogiam Rosa Weber por mandar investigar Bolsonaro

Rosa atendeu ao pedido do próprio colegiado e contrariou a solicitação do procurador-geral da República (PGR), Augusto Aras, pelo arquivamento do processo

CPI da covid protocola pedido de impeachment contra Bolsonaro

Iram Alfaia, do BNC Amazonas em Brasília

Publicado em: 13/09/2022 às 16:56 | Atualizado em: 13/09/2022 às 16:56

Os senadores da CPI da covid destacaram a determinação da nova presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Rosa Weber, para que a Polícia Federal (PF) continue apurando a conduta do presidente Jair Bolsonaro (PL) durante a pandemia.

Rosa atendeu ao pedido do próprio colegiado e contrariou a solicitação do procurador-geral da República (PGR), Augusto Aras, pelo arquivamento do processo.

De acordo com a determinação da ministra, a polícia deve aprofundar a análise de documentos e provas apontados pelos senadores que podem auxiliar investigações preliminares. O alvo será Bolsonaro e outros agentes públicos.

O senador Omar Aziz (PSD), que presidiu o colegiado, elogiou a decisão e disse que o relatório final da CPI demonstra claramente os delitos cometidos pelo presidente Bolsonaro e seus assessores.

“Impedir que as investigações continuem é um desrespeito às milhares de vítimas mortas e as suas famílias”, disse Aziz.

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“Em relação a prisões, os crimes cometidos não prescrevem. Ontem mesmo, a ministra Rosa Weber exigiu que a polícia investigasse as pessoas que a PGR não quer. A CPI tem o papel de investigar e enviar para os órgãos competentes darem seguimento”, disse o senador em entrevista à CBN.

Ele disse ainda não ter dúvidas de que, internacionalmente, quem é responsável vai pagar e dentro do Brasil também.

“O que se brincou para trazer a vacina, fora tentar comprar superfaturada, tentar pagar antecipadamente. Tudo isso a CPI descobriu”.

Vice-presidente do colegiado, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) considerou a decisão uma “excelente vitória”.

“As investigações da CPI são em justiça a todas as vítimas da pandemia e da inoperância desse governo. As investigações sobre o charlatanismo de Bolsonaro, o uso irregular de verbas e a prevaricação na pandemia continuam”.

O senador Renan Calheiros (MDB-AL), relator na CPI, disse que o Brasil tem mais de 685 mil razões para investigar o genocídio e outros crimes cometidos por Bolsonaro.

“Por isso a presidente do STF deu prosseguimento aos trabalhos da CPI. Nunca vamos deixar de lembrar”, afirmou ao reproduzir um vídeo no Twitter de Bolsonaro debochando da pandemia.

Crimes de Bolsonaro

No relatório final, Calheiros acusou Bolsonaro de ter cometido nove crimes: prevaricação; charlatanismo; epidemia com resultado morte; infração a medidas sanitárias preventivas; emprego irregular de verba pública; incitação ao crime; falsificação de documentos particulares; crime de responsabilidade e crimes contra a humanidade.

Ele pediu ainda o indiciamento de 66 pessoas, incluindo deputados, empresários, o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello e o atual titular da pasta, Marcelo Queiroga.

Foram apontados ainda crimes cometidos por duas empresas: a Precisa Medicamentos e a VTCLog.

Calheiros também sugeriu o indiciamento dos três filhos parlamentares do presidente por incitação ao crime.

São eles: o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ).

Foto: Leopoldo Silva/Agência Senado