Pesquisa diz que 70% dos eleitores temem ser agredidos na campanha
Casos como o assassinato do guarda municipal Marcelo Arruda retratam uma realidade apontada pela pesquisa "Violência e Democracia: Panorama Brasileiro Pré-Eleições de 2022"

Mariane Veiga
Publicado em: 15/09/2022 às 11:15 | Atualizado em: 15/09/2022 às 13:00
Pesquisa feita pelo Datafolha a pedido do Fórum Brasileiro de Segurança Pública mostra que sete em cada dez pessoas dizem ter medo de serem agredidas fisicamente por causa das suas escolhas políticas. O instituto ouviu 2.100 pessoas em todo o país entre 3 e 13 de agosto.
Casos como o assassinato do guarda municipal Marcelo Arruda, morto a tiros na noite de 9 de julho quando comemorava o seu aniversário de 50 anos com uma festa alusiva ao PT em Foz do Iguaçu (PR), retratam uma realidade apontada pela pesquisa “Violência e Democracia: Panorama Brasileiro Pré-Eleições de 2022”, divulgado hoje (15).
De acordo com o levantamento, 67,5% dos entrevistados afirmaram ter medo de serem vítimas de agressões, 3,2% das pessoas ouvidas pelo Datafolha disseram ter sofrido ameaças por motivos políticos nos últimos 30 dias; é o equivalente a 5,3 milhões da população brasileira.
Da mesma forma, 66,4% dos entrevistados dizem não acreditar que armar a população aumentará a segurança.
Em 2022, 83,4% consideram que há racismo no Brasil; em 2017, o índice era de 70%.
O levantamento também mostra que 88,1% rejeitam ideias golpistas ao afirmar que quem for vencedor nas urnas e reconhecido pela Justiça Eleitoral deve ser empossado em 1º de janeiro de 2023.
Já 62,8% concordam que “é importante para a democracia que os tribunais sejam capazes de impedir o governo de agir além de sua autoridade”.
Medo de agressões
Renato Sérgio de Lima, presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, diz que a pesquisa reflete o medo das pessoas de serem agredidas apenas por expressarem as suas posições políticas.
“As pessoas estão com medo de mostrarem o que estão pensando. Sair com a camisa de um político ou de um partido pode ser motivo para xingamentos ou agressões”, destaca.
Segundo Lima, “os direitos de exercer a cidadania e a liberdade de expressão estão comprometidos, porque há riscos reais”.
Mercadoria política
Lima citou o caso do homem que gravou vídeo negando entregar marmita a uma mulher em situação de vulnerabilidade social só porque ela disse ser eleitora do ex-presidente Lula da Silva (PT).
“O processo democrático está comprometido porque os níveis de violência política e ameaça estão presentes no país por parte de um grupo político que chantageia a população. A própria fome virou mercadoria política”.
Apoiador do presidente Jair Bolsonaro (PL), o empresário Cassio Joel Cenali se desculpou em um novo vídeo após a repercussão negativa do caso.
Legitimidade das eleições
Mônica Sodré, diretora-executiva da Raps, cita que quase 90% dos entrevistados pelo Datafolha rejeita ideias golpistas.
“É um recado. A despeito dos regulares e sistemáticos ataques às instituições e à integridade do processo eleitoral, a população brasileira confia nas eleições. Isso é um indicativo de que a população valoriza o direito ao voto e a escolha dos seus representantes.”
Violência política
A Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados encaminhou, há dois meses, uma denúncia à ONU com relatos de violência motivada pelo “ódio bolsonarista” nos últimos quatro anos.
O documento enumera uma série de 13 ataques atribuídos a bolsonaristas envolvidos em brigas políticas.
Leia o estudo completo no UOL.
foto: Reprodução