Bolsonaro volta a atacar lisura do processo eleitoral

O presidente afirmou que não haverá nenhum problema após um pleito com "eleições limpas". No entanto, após ser questionado sobre como provar isso, tergiversou

Publicado em: 27/09/2022 às 11:21 | Atualizado em: 27/09/2022 às 11:21

O presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a colocar em xeque a lisura nas eleições no Brasil e se negou, nesta segunda-feira (26), a afirmar que vai deixar o poder caso seja derrotado no pleito deste ano.

O mandatário disse que os mesmos ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) e do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) que tornaram o ex-presidente Lula (PT) elegível são responsáveis pela condução das eleições e afirmou que eles atuam para prejudicá-lo e também que o perseguem.

Bolsonaro participou de sabatina das eleições do Jornal da Record, que durou 40 minutos. O presidente foi o primeiro presidenciável a participar do programa. Também estão previstas as participações de Ciro Gomes (PDT), na terça-feira (27), e de Simone Tebet (MDB), na quarta (28).

O líder nas pesquisas de intenção de voto, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), decidiu não comparecer, alegando compromissos de campanha e discordância com a ordem das sabatinas.

O presidente afirmou que não haverá nenhum problema após um pleito com “eleições limpas”. No entanto, após ser questionado sobre como provar isso, tergiversou.

Leia mais

Lula vai a 48% e Bolsonaro fica nos 31% e tudo pode acabar dia 2, diz Ipec

Disse que não é possível mostrar que houve fraudes, assim como o “outro lado não tem como provar que o processo foi sério também”.

Na sequência voltou a divulgar informações, já refutadas, sobre a investigação da Polícia Federal sobre as urnas eletrônicas em 2018.

Bolsonaro foi então questionado diretamente pelo entrevistador, que afirmou ter entendido que, se ele não sair vencedor do pleito, vai questionar o resultado.

Nesse momento, o presidente respondeu que iria aguardar o resultado anunciado pelo TSE, mas voltou a repetir a sua percepção de que é o favorito por causa do clima que encontra em seus atos nas ruas —apesar de estar em desvantagem nas principais pesquisas de intenção de voto, que aponta inclusive a possibilidade de eleição de Lula no primeiro turno.

Nesta segunda-feira (26), pesquisa Ipec mostrou que Lula tem 52% dos votos válidos na corrida eleitoral contra 34% do atual presidente.

“Olha, eu vou esperar o resultado [antes de decidir se vai reconhecer o resultado]. Nas ruas, eu nunca vi, eu tenho falado nos meus pronunciamentos, como falei em Campinas, que um candidato que tem 45% das intenções de votos sem poder sair às ruas, sem poder se dirigir ao público. E o que é a democracia? É a vontade popular. A gente não está vendo a vontade popular expressa nos institutos de pesquisa, em especial o Datafolha e muito menos dentro do TSE”, afirmou.

O presidente também disse que é perseguido pelo TSE, que, segundo ele, age “de forma parcial” no pleito. Bolsonaro fez referência a duas decisões: uma que o proibiu de realizar lives no Palácio da Alvorada e no Palácio do Planalto e outra que determinou a retirada de outdoors com palavras com seu slogan de campanha.

Leia mais na matéria de Matheus Teixeira e Renato Machado na Folha de S.Paulo

Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil