Bolsonaro quer favorecer grileiros e madeireiros com a BR-319
ร o que afirma pesquisador dos impactos da rodovia na Amazรดnia

Ferreira Gabriel
Publicado em: 19/10/2022 ร s 14:20 | Atualizado em: 19/10/2022 ร s 14:20
Reuniรตes realizadas pelo Ministรฉrio da Economia desde janeiro de 2022 visaram favorecer a ocupaรงรฃo de รกreas de floresta cortadas pela rodovia BR-319.
A rodovia BR-319 รฉ uma das maiores rodovias federais planejadas do Brasil, que liga Porto Velho, capital de Rondรดnia, no arco do desmatamento amazรดnico, a Manaus, capital do Amazonas.
A rodovia foi construรญda na dรฉcada de 1970 durante a ditadura militar, e com seus 850 km corta grande parte do estado do Amazonas, incluindo um dos blocos mais conservados de floresta, perpassando por uma รกrea que abriga 63 terras indรญgenas.
A rodovia foi abandonada durante a dรฉcada de 1980 pela falta de trafegabilidade e sua inviabilidade econรดmica, entretanto, uma promessa de repavimentaรงรฃo em 2015 e posteriormente tentativas do governo Bolsonaro em pavimentar a rodovia, sem a consulta dos povos indรญgenas afetados pelo empreendimento, alรฉm da ausรชncia da realizaรงรฃo dos estudos ambientais adequados, fez com o desmatamento explodisse na regiรฃo.
Para o estado do Amazonas, o transporte via cabotagem, ou seja, atravรฉs de balsas e barcaรงas pelo rio Madeira รฉ mais eficiente, chegando a custar um terรงo do transporte terrestre pela rodovia BR-319, o que demonstra a inviabilidade econรดmica do empreendimento.
Estudos independentes tambรฉm demostraram que para cada real que o governo federal coloca na rodovia, o retorno รฉ de apenas R$ 0,33, o que faz levantarmos as perguntas: A quem a pavimentaรงรฃo da rodovia BR-319 atende? A quem o Ministรฉrio da Economia quer favorecer?
A resposta รฉ: para grileiros e madeireiros ilegais que estรฃo de olho em abrir este enorme bloco de floresta ao desmatamento e, posteriormente, substituir a floresta nativa pela pecuรกria.
Leia mais o artigo de Lucas Ferrante no Ecoa UOL
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Foto: Divulgaรงรฃo/Dnit