Twitter acena para racistas, misóginos e homofóbicos, diz pesquisa

As contas associadas ao QAnon, uma vasta teoria da conspiração de extrema direita, pagaram e receberam status verificado no Twitter, dando-lhes um brilho de legitimidade

Publicado em: 03/12/2022 às 09:43 | Atualizado em: 03/12/2022 às 09:43

Antes de Elon Musk comprar o Twitter, no final de outubro, calúnias contra negros americanos apareciam na rede social em média 1.282 vezes por dia. Depois que o bilionário se tornou dono do Twitter, o número saltou para 3.876 vezes por dia. Calúnias contra homens gays apareciam no Twitter 2.506 vezes por dia, em média, antes de Musk assumir o cargo. Posteriormente, aumentou para 3.964 vezes. E postagens antissemitas referindo-se a judeus ou ao judaísmo dispararam mais de 61% nas duas semanas após Musk adquirir o site.

Essas descobertas — do Centro para Contagem de Ódio Digital, da Liga Antidifamação e de outros grupos que estudam plataformas on-line — fornecem a imagem mais abrangente até o momento de como as conversas no Twitter mudaram desde que Musk comprou a empresa por US$ 44 bilhões. Embora os números sejam relativamente pequenos, os pesquisadores disseram que os aumentos foram atipicamente altos.

A mudança no discurso é a ponta de um conjunto de mudanças no serviço sob o comando de Musk. As contas que o Twitter costumava remover regularmente — como aquelas que se identificam como parte do Estado Islâmico, que foram banidas depois que o governo dos EUA classificou o EI como um grupo terrorista — voltaram com tudo.

As contas associadas ao QAnon, uma vasta teoria da conspiração de extrema direita, pagaram e receberam status verificado no Twitter, dando-lhes um brilho de legitimidade.

Essas mudanças são alarmantes, disseram os pesquisadores, acrescentando que nunca viram um aumento tão acentuado no discurso de ódio, conteúdo problemático e contas anteriormente banidas em um período tão curto em uma plataforma de mídia social convencional.

“Elon Musk enviou o sinal para todo tipo de racista, misógino e homofóbico de que o Twitter estava aberto para negócios, e eles reagiram de acordo”, disse Imran Ahmed, executivo-chefe do Centro para a Contagem do Ódio Digital.

Leia mais na matéria de Sheera Frenkel e Kate Conger, no The New York Times, via portal O Globo

Foto: pixabay